Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve está "perfeitamente ciente" dos desafios que a inflação elevada representa para a economia e está "fortemente comprometido" com sua meta inflacionária de 2%, disse o banco central norte-americano nesta sexta-feira em seu mais recente relatório semestral ao Congresso dos Estados Unidos sobre política monetária e a economia do país.
Embora seja, em grande parte, um resumo retrospectivo dos acontecimentos econômicos recentes e das reuniões de política monetária do Fed, o relatório ofereceu algumas indicações de que o banco central espera que o crescimento dos gastos do consumidor --que vem em ritmo forte até agora-- diminua à medida que o ano avança e as famílias gastam as economias acumuladas durante a pandemia.
"Os (aspectos) fundamentais dos gastos familiares... parecem ser um pouco menos favoráveis ao crescimento dos gastos", disse o relatório. O documento destacou que, mesmo com o aumento dos salários em um ritmo robusto, a influência do avanço dos preços e o fim da pandemia e outros pagamentos de transferência significaram que a receita após impostos ajustada pela inflação diminuiu 1,4% em 2022.
A confiança do consumidor "permanece muito baixa", afirmou o relatório.
Mas, no geral, o relatório reiterou os temas que agora dominam o debate do Fed: um mercado de trabalho "extremamente apertado" onde trabalhadores continuam em falta, o crescimento econômico que provavelmente precisa desacelerar ainda mais para moderar as pressões de preços, um sistema financeiro que absorveu incrementos de juros em grande parte sem problemas e inflação que, apesar de tudo, permanece "bem acima" do objetivo do Fed.
O relatório, um documento da equipe do banco central que não pretende fornecer orientação sobre a futura política monetária, apontou vários pontos onde condições financeiras mais rígidas começam a ter impacto, e outros onde as raízes de uma desaceleração podem ser vistas.
Os empréstimos comerciais concedidos pelos bancos cresceram durante 2022 "mas desaceleraram no quarto trimestre", apontou o relatório. "Alguns indicadores de futuras inadimplências de empresas estão um tanto elevados."
As taxas de inadimplência dos empréstimos às famílias estavam em alta e a emissão de hipotecas "continuou a cair materialmente" diante dos custos mais elevados dos empréstimos.
O documento também sinalizou como os problemas que surgiram durante a pandemia, como a menor participação na força de trabalho, podem ser o novo normal para os EUA.
Embora o impacto da própria pandemia na força de trabalho tenha diminuído e a imigração tenha se recuperado um pouco, o relatório disse que não deve ser esperada uma solução rápida para a atual escassez de mão de obra.