(Reuters) - O banco central dos Estados Unidos precisará continuar a elevar gradualmente a taxa básica de juros para conter a inflação, disse a presidente do Federal Reserve de Dallas, Lorie Logan, nesta terça-feira, o que indicou aos investidores que os custos dos empréstimos podem precisar subir mais do que o amplamente esperado.
"Devemos permanecer preparados para continuar a aumentar os juros por um período mais longo do que o previsto anteriormente, se tal caminho for necessário para responder a mudanças nas perspectivas econômicas ou para compensar qualquer alívio indesejado nas condições", disse Logan em comentários preparados para alunos na Prairie View A&M University no Texas.
"E mesmo depois que tivermos evidências suficientes de que não precisamos subir os juros em alguma reunião futura, precisaremos permanecer flexíveis e apertar ainda mais (a política monetária) se as mudanças nas perspectivas econômicas ou nas condições financeiras exigirem isso."
No ano passado, o Fed elevou as taxas de juros mais e mais rápido do que em qualquer outro momento desde os anos 1980 para combater a inflação que, pela medida preferida do banco central, está há dois anos em cerca de três vezes sua meta de 2%. Os formuladores de políticas do Fed sinalizaram que esperam que a taxa de juros overnight de referência, agora na faixa de 4,50% a 4,75%, precise ir para pelo menos 5,1% antes que a política seja "suficientemente restritiva" para aliviar as pressões de preços.
A chave para conter a inflação, disse Logan nesta terça-feira, será uma desaceleração substancial no crescimento dos salários e um melhor "equilíbrio" no que agora é um mercado de trabalho "incrivelmente forte". A taxa de desemprego caiu em janeiro para 3,4%, o menor nível desde 1969.
Logan afirmou que precisará ver sinais "convincentes" de que a inflação está em queda de forma sustentável e em tempo hábil em direção à meta de 2%.
Embora tenha havido progresso sobre a inflação, com uma moderação particularmente nos preços dos bens e, mais recentemente, na habitação, disse ela, é preciso mais, especialmente para os preços dos serviços básicos fora a habitação. Se não houver melhora, afirmou ela, a inflação pode chegar a 3%, acima da meta do Fed.
"O risco mais importante que vejo é que, se apertarmos muito pouco, a economia continuará superaquecida e não conseguiremos controlar a inflação", disse Logan. "Isso poderia desencadear uma espiral autorrealizável de expectativas de inflação não ancoradas que seria muito custoso de interromper."
(Por Ann Saphir)
((Tradução Redação Brasília)) REUTERS VB AC