Queda de alimentos acelera e IPCA sobe menos que o esperado em julho apesar de energia elétrica
Investing.com – Os índices futuros das ações norte-americanas operam em queda nesta segunda-feira, em meio à escalada protecionista do presidente Donald Trump, que anunciou novas tarifas sobre importações oriundas da União Europeia e do México.
O bitcoin atingiu um novo pico histórico no início da chamada “Semana Cripto”, enquanto o petróleo registrava leve valorização e a China divulgava expansão acima do esperado em seu superávit comercial.
No Brasil, as atenções se voltam para o índice de atividade econômica de maio do banco central, considerado como um sinalizador do PIB, e novas projeções do mercado para os principais indicadores da nossa economia.
1. Futuros dos EUA caem com tarifas sobre importações da UE e do México
O comércio internacional voltou ao centro das atenções após Trump declarar, no fim de semana, que aplicará tarifas de 30% sobre produtos importados do México e da União Europeia.
A medida amplia o escopo da ofensiva tarifária iniciada na semana passada, que incluiu Japão, Coreia do Sul, Canadá e Brasil, além da imposição de uma taxa de 50% sobre todas as compras externas de cobre.
As novas tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de agosto, estabelecendo um prazo inferior a três semanas para que os países impactados negociem termos comerciais com Washington, após o adiamento da data-limite originalmente marcada para 9 de julho.
Segundo dados recentes, a arrecadação bruta com tarifas alfandegárias nos EUA alcançou um recorde de US$ 113,3 bilhões nos primeiros nove meses do atual ano fiscal, que se encerra em 30 de setembro.
O aumento das tensões comerciais afetou os índices futuros de Wall Street nesta segunda-feira, enquanto investidores também direcionam atenção à temporada de resultados corporativos do segundo trimestre.
Às 8 h de Brasília, o S&P 500 futuro cedia 0,35% (21 pontos), o Nasdaq 100 futuro recuava 0,33% (75 pontos) e o Dow futuro registrava queda de 0,32% (142 pontos).
Na semana passada, os principais índices acionários dos EUA recuaram após uma sequência de três semanas de ganhos. O S&P 500, o Nasdaq Composite e o Dow Jones Industrial Average devolveram parte dos avanços recentes, interrompendo movimentos de renovação de máximas.
O sentimento foi novamente afetado pelas declarações do presidente norte-americano no fim de semana, indicando que imporá tarifas de 30% sobre importações mexicanas e europeias, o que aumentou os temores em relação a uma possível intensificação das disputas comerciais globais.
Além disso, a nova temporada de balanços corporativos deve ganhar tração nos próximos dias, com atenção especial para os números que serão divulgados nesta terça-feira por instituições financeiras como JPMorgan Chase (NYSE:JPM), Wells Fargo (NYSE:WFC) e Citigroup (NYSE:C).
2. Superávit comercial da China supera expectativas em junho
A balança comercial chinesa apresentou um superávit acima das projeções em junho, refletindo a retomada das exportações após o recente acordo com os Estados Unidos que levou à redução mútua de tarifas entre os dois países.
Segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelas autoridades alfandegárias, o superávit comercial da China atingiu US$ 114,77 bilhões no mês passado, superando tanto a estimativa de US$ 113,20 bilhões quanto o saldo de US$ 103,22 bilhões registrado em maio.
As exportações chinesas cresceram 5,8% em termos anuais, em dólares, superando os 5% esperados e o avanço de 4,8% observado no mês anterior.
O volume exportado de terras raras também aumentou em junho, após avanços nas negociações bilaterais que levaram o governo chinês a emitir mais licenças para os produtores locais. Em paralelo, os EUA aliviaram restrições sobre exportações de tecnologias sensíveis, como chips, destinadas a empresas sediadas na China.
Apesar do avanço nas vendas externas, os números das importações indicam que a demanda doméstica ainda mostra fragilidade, com alta anual de apenas 1,1%, levemente abaixo da expectativa de 1,3%, embora já represente uma melhora frente à contração de 3,4% observada em maio.
Os dados comerciais fortalecem a expectativa de uma leitura positiva para o produto interno bruto da China no segundo trimestre, que será divulgada nesta terça-feira, e que pode sinalizar crescimento acima da meta oficial de 5% estipulada por Pequim.
3. Bitcoin renova máximas no início da “Semana Cripto”
O bitcoin iniciou a semana com forte valorização, superando pela primeira vez a marca de US$ 120.000, em meio à expectativa por avanços legislativos nos Estados Unidos favoráveis ao setor de criptoativos.
No momento da redação, a principal criptomoeda do mercado subia 3,7%, cotada a US$ 122.020, após atingir US$ 122.530 nas primeiras horas da sessão.
O movimento de alta foi alimentado por robustos fluxos para ETFs cripto e pelo otimismo crescente em torno da tramitação de projetos de lei relevantes no Congresso norte-americano.
Nesta semana, a Câmara dos Representantes deverá deliberar sobre iniciativas legislativas como o Genius Act, o Clarity Act e o Anti-CBDC Surveillance State Act — propostas que, se aprovadas, poderiam estabelecer marcos regulatórios abrangentes para stablecoins, custódia de ativos digitais e o funcionamento do sistema financeiro baseado em blockchain.
Todas essas medidas contam com o apoio declarado de Trump, que tem se apresentado como o “presidente cripto” e defendido a reformulação do ambiente regulatório em benefício da indústria.
Com valorização acumulada de 30% no ano, o avanço do bitcoin elevou o valor de mercado total do setor para cerca de US$ 3,78 trilhões, conforme estimativas da CoinMarketCap.
4. Petróleo avança diante de possível endurecimento das sanções à Rússia
Os preços do petróleo operam em leve alta nesta segunda-feira, com os investidores à espera de possíveis anúncios por parte dos Estados Unidos sobre sanções adicionais contra a Rússia, o que pode afetar a oferta global de energia.
No momento da redação, os futuros do petróleo Brent, referência internacional e para a Petrobras (BVMF:PETR4), com vencimento em setembro avançavam 0,2%, sendo negociados a US$ 70,48 por barril, enquanto os futuros do petróleo WTI, referência nos EUA, subiam 0,2%, a US$ 68,55 o barril.
O presidente Trump afirmou que fará uma “declaração importante” sobre a Rússia ainda hoje, reiterando sua insatisfação com o presidente Vladimir Putin diante da estagnação das negociações para encerrar o conflito na Ucrânia.
Tramita no Congresso norte-americano um projeto de lei bipartidário que prevê novas penalidades econômicas contra Moscou. A proposta ganhou força nos últimos dias, mas ainda depende da manifestação oficial do governo.
Por sua vez, representantes da União Europeia estão próximos de concluir um novo pacote de sanções que inclui a redução do teto de preço das exportações de petróleo russas.
5. Prévia do PIB e projeções econômicas no Brasil
O destaque do calendário econômico de hoje é a divulgação do IBC-Br, índice de atividade econômica do banco central para o mês de maio, que tem metodologia diferente da do PIB, mas, apesar disso, é considerado por muitos como uma espécie de “prévia” desse indicador.
No último relatório, referente a abril, o IBC-Br registrou alta de 0,2%, superando as expectativas de mercado, mas abaixo da variação de 0,7% de março, sinalizando desaceleração no início do segundo trimestre.
O crescimento foi sustentado principalmente pelos serviços (+0,4%), enquanto agropecuária e indústria recuaram 0,9% e 1,1%, respectivamente.
Na comparação anual, o indicador de abril avançou 2,5%, acumulando alta de 4,0% em 12 meses.
Os investidores também acompanharão de perto a divulgação de novas projeções do mercado para os principais indicadores da economia brasileira no boletim Focus, do banco central.
No relatório da semana passada, o mercado reduziu pela sexta vez seguida a projeção para a inflação de 2025, estimada em 5,18%, enquanto a previsão para o PIB deste ano subiu para 2,23%, ante 2,21% na semana anterior. Já a cotação do dólar seguiu projetada em R$ 5,70 no fim deste ano.