A Fitch alerta para uma deterioração fiscal nos Estados Unidos, apesar do crescimento econômico sólido do país. Embora a agência tenha mantido o rating dos EUA inalterado em "AA+", com perspectiva estável, ela destaca que a classificação de crédito da maior economia do mundo pode ser rebaixada em caso de aumento acentuado nas dívidas do governo geral, ou caso seja registrado um 'declínio na credibilidade' de política macroeconômica do país.
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Segundo a agência de classificação de risco, o déficit do governo geral de 2023 deve ter ficado em torno de 8,8% do Produto Interno Bruto (PIB) americano, o que indica um aumento "robusto" em comparação aos 3,7% do PIB registrados em 2022. Essa diferença entre os anos ignora, inclusive, o perdão de empréstimos estudantis pelo governo, que pesou sobre o PIB em 2022. Para 2024, a previsão é de que o déficit do governo geral desacelere a 8% do PIB no ano.
A nota da agência destaca que foi registrada uma grande queda nas receitas do governo em 2023, impulsionada por um aumento na carga de juros, mas as receitas devem voltar à média histórica neste ano, embora as taxas de juros mais elevadas tendam a continuar puxando o déficit para cima, a ponto de acelerá-lo a 8,2% em 2025 outra vez.
Enquanto a dívida pública também avança em relação ao PIB nos Estados Unidos, a Fitch escreve que há um governo cada vez mais dividido no país, o que impede progressos no processo orçamentário. A agência prevê que a relação dívida/PIB progrida a 120,7% até o fim de 2025, o que, além de muito elevado, indica uma aceleração. A falta de uma âncora orçamentária tem impedido que o governo se prepare para problemas de médio prazo, como o envelhecimento da população que é parte de programas de despesas obrigatórias. A nota afirma que o vencedor das eleições presidenciais de 2024 terá que aprovar e implementar uma nova legislação, visto que a suspensão do limite da dívida expira em dezembro de 2024.
A Fitch também escreve que, para que haja uma elevação no rating americano, o governo deve implementar um ajuste fiscal para combater o aumento das despesas obrigatórias, ou encontrar receitas adicionais que resultem no declínio da dívida pública em relação ao PIB. Além disso, uma "melhora sustentada" na governança poderia resultar em maior estabilidade fiscal na maior economia do mundo.