Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu suas previsões para Estados Unidos, China e a economia global nesta terça-feira e disse que a incerteza sobre pandemia, inflação, interrupções na oferta e aperto monetário dos EUA representam mais riscos.
"Projetamos um crescimento global neste ano em 4,4%, 0,5 ponto percentual abaixo do previsto anteriormente, principalmente por causa dos rebaixamentos para Estados Unidos e China", escreveu Gita Gopinath, autoridade número dois do FMI, em um blog sobre a última atualização do relatório Perspectiva Econômica Mundial.
O FMI disse que a rápida disseminação da variante Ômicron levou a novas restrições de mobilidade em muitos países e aumentou a escassez de mão de obra, enquanto as interrupções no fornecimento estão alimentando a inflação. A expectativa é que a Ômicron pese sobre a atividade econômica no primeiro trimestre, mas abrande depois, uma vez que está associada a casos menos graves, disse o FMI.
Espera-se que o crescimento global desacelere para 3,8% em 2023, ainda assim aumento de 0,2 ponto percentual em relação à previsão de outubro, disse o FMI, que, contudo, ponderou que o delta positivo é em grande parte mecânico após os atuais obstáculos ao crescimento se dissiparem no segundo semestre de 2022.
No geral, a pandemia agora deve resultar em perdas econômicas acumuladas de 13,8 trilhões de dólares até 2024, em comparação com o prognóstico anterior de 12,5 trilhões de dólares, escreveu Gopinath, antes economista-chefe do FMI.
O FMI cortou sua previsão de crescimento dos EUA em 1,2 ponto percentual, devido ao fracasso do presidente norte-americano, Joe Biden, em aprovar um pacote maciço de gastos sociais e climáticos, aperto mais cedo que o esperado da política monetária do país e contínua escassez de oferta.
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A economia dos EUA agora deve crescer 4% em 2022, depois de expandir 5,6% em 2021, com o crescimento diminuindo ainda mais para 2,6% em 2023, disse o FMI.
O organismo rebaixou a previsão para a economia da China em 0,8 ponto percentual, a 4,8% em 2022, após crescimento de 8,1% em 2021. Em 2023 a expansão do PIB voltaria a acelerar, indo a 5,2%.
As interrupções relacionadas à política de tolerância zero à Covid-19 da China e o estresse financeiro prolongado envolvendo as incorporadoras imobiliárias levaram ao rebaixamento, disse o FMI.
O Fundo também cortou sua previsão para a zona do euro em 0,4 ponto percentual, para 3,9% em 2022, e disse que o crescimento desaceleraria para 2,5% em 2023.
A instituição reduziu em 1,2 ponto percentual cada sua previsão de crescimento em 2022 para Brasil e México, as maiores economias da América Latina. O Brasil agora deve crescer 0,3% neste ano e o México, 2,8%, enquanto a região deve expandir 2,4%, 0,6 ponto percentual abaixo da previsão anterior.
Índia e Japão tiveram leve melhora nas projeções para ambos.
O FMI alertou que o surgimento de novas variantes da Covid-19 pode prolongar a pandemia e induzir novas interrupções às atividades, enquanto problemas na cadeia de suprimentos, volatilidade nos preços da energia e pressões salariais localizadas representam mais riscos.
O Fundo revisou para cima suas previsões de inflação para 2022 para economias avançadas e em desenvolvimento e disse que elevadas pressões de preços provavelmente persistirão por mais tempo do que o previsto anteriormente, devido às interrupções contínuas da cadeia de suprimentos e aos altos custos de energia.
A instituição disse que a inflação deve atingir uma média de 3,9% nas economias avançadas e 5,9% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento em 2022, antes de diminuir em 2023, com crescimento moderado dos preços de combustíveis e alimentos durante esse período.
Embora as economias continuem a se recuperar do choque da pandemia, o ritmo das recuperações está divergindo amplamente entre países ricos e mais pobres, disse o FMI.
Enquanto as economias avançadas devem retornar à tendência pré-pandemia neste ano, vários mercados emergentes e economias em desenvolvimento enfrentam perdas de produção consideráveis, disse o FMI.
Mais setenta milhões de pessoas viviam em extrema pobreza após a pandemia, retardando o progresso na redução da pobreza em vários anos, escreveu Gopinath em seu blog.
O FMI disse ser fundamental garantir o acesso mundial a vacinas, testes e tratamentos para reduzir o risco de outras variantes perigosas da COVID-19, enquanto muitos países precisam aumentar as taxas de juros para conter as pressões inflacionárias.
Gopinath observou que 60% dos países de baixa renda já estavam em alto risco de excesso de endividamento e instou o Grupo dos 20 (G20) a acelerar processos de reestruturação da dívida e suspender pagamentos do serviço da dívida enquanto as reestruturações estejam sendo negociadas.