WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta quinta-feira que as consequências econômicas da pandemia do coronavírus, combinadas com outros problemas nos últimos anos, sinalizam que a América Latina e o Caribe provavelmente não irão registrar "nenhum crescimento" na década de 2015 a 2025.
Alejandro Werner, que chefia o departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, disse que o órgão está se apressando para processar 16 pedidos de assistência de emergência, dos quais aproximadamente metade eram de países do Caribe, devastados por uma interrupção no turismo.
Outros países tinham questionado sobre os programas tradicionais do FMI ou extensões dos acordos de financiamento existentes, disse ele.
No World Economic Outlook de 2020, o FMI previu esta semana que a economia da América Latina, onde os surtos continuaram a aumentar, provavelmente contrairá 5,2%.
Werner disse a repórteres em uma entrevista por videoconferência que os países da região estavam enfrentando a pior recessão econômica desde que começaram a produzir estatísticas de contas nacionais na década de 1950.
Dada a dramática previsão de contração para este ano e o impacto das políticas destinadas a conter a pandemia, uma recuperação acentuada é esperada em 2021, contanto que a pandemia seja contida, disse ele.
Mas isso não será suficiente para compensar a atual crise, associada a outros eventos e problemas nos últimos anos.
"Não é apenas esse choque, é o choque negativo cumulativo que a região terá passado na década que vai de 2015 a 2025", disse Werner. "Em média, nossa expectativa é que seja altamente provável que, na década de 2015 a 2025, não haja crescimento".
Embora países individuais vejam algum crescimento ao longo da década, a região como um todo não, acrescentou.
Werner disse que o FMI está preocupado com a possibilidade de que a pandemia possa provocar agitação social na América Latina, que já viu alguns protestos no ano passado.
Para se proteger contra possíveis disrupções, os países latino-americanos devem estar atentos às falhas sociais na estruturação de suas respostas à pandemia, afirmou.
(Por Andrea Shalal e David Lawder)