Por Andrea Shalal e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - A pandemia do coronavírus causará uma recessão global em 2020, que poderá ser pior do que a observada durante a crise financeira mundial de 2008-2009, mas a produção econômica mundial deve se recuperar em 2021, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, saudou as ações fiscais extraordinárias já tomadas por muitos países para impulsionar os sistemas de saúde e proteger empresas e trabalhadores afetados, além de medidas de bancos centrais no sentido de afrouxar a política monetária, acrescentando: "ainda será necessário mais, especialmente no fronte fiscal".
Georgieva apresentou a nova perspectiva após uma teleconferência de ministros das Finanças e banqueiros centrais do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, que, segundo ela, afirmou concordar com a necessidade de solidariedade em todo o mundo.
"Os custos humanos da pandemia de coronavírus já são imensuráveis e todos os países precisam trabalhar juntos para proteger as pessoas e limitar os danos econômicos", disse Georgieva.
Mais países estão impondo medidas de paralisação para conter o vírus que se espalha rapidamente e que já infectou 337.500 pessoas em todo o mundo e matado mais de 14.600.
Georgieva afirmou que as perspectivas para o crescimento global são negativas e, agora, o FMI espera "uma recessão pelo menos tão ruim ou pior que a vista durante a crise financeira global".
Mais cedo neste mês, Georgieva havia alertado que o crescimento mundial em 2020 ficaria abaixo da taxa de 2,9% vista em 2019, mas não previu uma recessão. No ano passado, as guerras comerciais empurarram o crescimento global para o nível mais baixo desde a contração registrada em 2009, de 0,7%.
Nesta segunda-feira, Georgieva disse que se esperava uma recuperação em 2021, mas que para alcançá-la os países precisariam priorizar a contenção e fortalecer sistemas de saúde.
"O impacto econômico é e será severo, mas quanto mais rápido o vírus parar, mais rápida e mais forte será a recuperação", disse ela.
Ela disse que o FMI vai ampliar com força o financiamento de emergência, afirmando que 80 países já pediram sua ajuda. O Fundo está pronto para usar toda sua capacidade de empréstimo de 1 trilhão de dólares, disse ela.
As economias avançadas estão geralmente em melhor forma para lidar com a crise, enquanto muitos mercados emergentes e países de renda baixa enfrentam desafios significativos, incluindo fluxos de capital externos.
Investidores já retiraram 83 bilhões dos mercados emergentes desde o início da crise, a maior saída de capital já registrada, disse Georgieva.