Por Andrea Shalal e Leigh Thomas
WASHINGTON/PARIS (Reuters) - Os ministros das Finanças do G7 apoiaram nesta sexta-feira a prorrogação de uma iniciativa de alívio de dívidas bilaterais do G20 para os países mais pobres do mundo, mas disseram que ela deve ser revisada para corrigir deficiências em torno de sua implementação.
Em um longo comunicado conjunto, os ministros do grupo das sete economias avançadas disseram que "lamentam fortemente" medidas tomadas por alguns países para evitar participação na iniciativa ao classificar suas instituições governamentais como credores comerciais.
Duas autoridades de países do G7 disseram que a referência foi claramente direcionada à China, que se recusou a incluir empréstimos do Banco de Desenvolvimento da China e outras entidades controladas pelo governo nas negociações de sua dívida bilateral com países que buscavam alívio.
Os ministros também reconheceram que alguns países precisarão de mais alívio da dívida no futuro, e apelaram ao Grupo dos 20 e aos credores do Clube de Paris para que cheguem a um acordo sobre os termos até a reunião dos ministros das Finanças do G20 no próximo mês.
"Todos ficaram desapontados com a falta de transparência e comprometimento da China", disse uma autoridade do G7, que pediu para não ser identificada.
Em uma reunião online organizada pelo Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, os ministros enfatizaram seu compromisso de trabalhar em conjunto para apoiar os países mais pobres e vulneráveis, que foram duramente atingidos pela pandemia de coronavírus.
Eles pediram ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial que forneçam atualizações regulares sobre as necessidades de financiamento dos países de baixa renda e proponham soluções para lacunas de financiamento, inclusive por meio de instrumentos para alavancar o acesso ao financiamento privado.
Os ministros disseram que a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida aprovada em abril pelos países do G20, incluindo a China, ajudou 43 países a adiar 5 bilhões de dólares em pagamentos oficiais do serviço da dívida de forma a liberar dinheiro para que os mutuários respondam à pandemia.
Mas o total está muito aquém dos 12 bilhões de dólares inicialmente projetados e representa pouco mais da metade dos mais de 70 países elegíveis.
Os ministros disseram que a iniciativa deveria ser ampliada, "no contexto de um pedido de financiamento ao FMI", e defenderam um novo termo de compromisso e um memorando de entendimento para melhorar sua implementação.
Os ministros também apelaram novamente aos credores privados para que implementem a iniciativa de alívio da dívida quando solicitada, observando que a ausência da participação do setor privado limitou os benefícios potenciais para vários países.