Por Steve Holland e David Brunnstrom
WASHINGTON (Reuters) - A cúpula do G7 que contará com a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no Japão nesta semana deve mostrar os líderes unidos em uma abordagem comum para lidar com a China com base em valores compartilhados, mesmo reconhecendo que cada país irá manejar seu próprio relacionamento com Pequim, afirmou um alto funcionário do governo dos Estados Unidos nesta segunda-feira.
A visita de Biden ao Japão mostrará que Washington tanto pode apoiar a Ucrânia quanto manter um nível sem precedentes de envolvimento com a região do Indo-Pacífico, disse o funcionário à Reuters sob condição de anonimato.
Após a cúpula de três dias a partir de sexta-feira, Biden fará uma breve e histórica parada em Papua Nova Guiné, e depois viajará para a Austrália para uma reunião do grupo de países conhecido como Quad.
Questionado se os líderes do grupo das sete nações mais ricas do mundo -- Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos -- seria capaz de mostrar unidade para lidar com a China, segunda maior economia do mundo e principal desafio para a supremacia global dos EUA, o funcionário respondeu:
"Embora o G7 seja um grupo de consenso, os anfitriões desempenham um grande papel na definição da agenda e os japoneses são muito, muito preocupados com questões de segurança econômica em grande escala, incluindo em relação à China."
"Acho que o que você pode esperar é que os líderes do G7 vão deixar claro que estamos todos unidos por uma abordagem comum, fundamentada em valores comuns. E ao mesmo tempo que cada país do G7 vai administrar seu próprio relacionamento com a China, estamos todos alinhados em torno dos princípios que vão guiar todos as nossas relações."
O funcionário disse que apesar dessa ser "uma das questões mais complexas" para as reuniões do G7 em Hiroshima, os Estados Unidos estão "muito otimistas".
Diferenças entre as nações sobre como lidar com a China surgiram após o presidente francês, Emmanuel Macron, visitar Pequim no mês passado. Ele pediu que a União Europeia reduza sua dependência dos EUA e alertou a UE para não se deixar levar em uma crise sobre Taiwan, impulsionada por um "ritmo americano e uma reação chinesa exagerada".
Dois anos atrás, no Reino Unido, os líderes do G7 repreenderam a China no campo de direitos humanos.
O funcionário dos EUA disse que o G7 se concentraria na necessidade de apoiar os países em desenvolvimento atingidos por choques recentes, incluindo dívida e as mudanças climáticas, e os líderes se reuniriam em torno da necessidade de ações ousadas para acelerar a transição para a energia limpa.
Perguntado se um acordo amplo do G7 poderia ser esperado para limitar a exportação de tecnologia de semicondutores para a China e se houve consenso sobre esta questão, disse o funcionário:
"Existe um consenso sobre a necessidade de garantir a segurança em tecnologia. Não quero adiantar as discussões em termos de que acordo que haverá, mas acho que entre os países que são os players mais importantes em semicondutores, há um acordo muito amplo e um significativo grau de consenso."
"Acho que você deve esperar ver um acordo geral sobre princípios para definir as relações com a China saindo deste encontro."
(Reportagem de David Brunnstrom e Steve Holland)