Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal criará em breve uma comissão interministerial presidida pelo Ministério do Planejamento para destravar projetos para obras de integração na América do Sul considerados prioritários, disse uma representante da pasta nesta segunda-feira.
De acordo com a secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento, Renata Amaral, a comissão, que será criada por decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, organizará a atividade interna no governo federal para dar pontapé efetivo às obras.
No fim do ano passado, o governo anunciou que 10 bilhões de dólares seriam disponibilizados por bancos multilaterais e de desenvolvimento para financiar obras de infraestrutura voltadas à integração sul-americana, de olho em um incremento do comércio e na redução do tempo de transporte de bens para Ásia.
Deste total, 3 bilhões de dólares seriam alocados para projetos no Brasil pelo banco de fomento BNDES.
Amaral reforçou que, a despeito da expectativa de polarização nas eleições presidenciais nos Estados Unidos e eventual transbordamento do clima político para países da região, o Brasil segue vendo forte colaboração dos vizinhos nas conversas sobre obras para integração, incluindo Argentina, Paraguai e Uruguai, que têm governos à direita.
Dentro do espírito de reforçar os laços na região, o governo Lula quitou no fim do ano passado compromisso não pago de 100 milhões de dólares junto ao Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), o que destravou a liberação de 70 milhões de dólares aos quais o país tinha direito para o financiamento, a fundo perdido, de projetos focados na integração e redução das desigualdades regionais.
"É um sinal para o Mercosul," disse Amaral sobre o racional da operação, já que a regularização, pendente desde 2015, implicou, na prática, gastar mais do que receber do fundo.
Ela defendeu que os oito projetos aprovados pelo governo na semana passada para receberem os recursos trarão, em paralelo, ganhos de comércio e integração de infraestrutura.
Em relação às conversas para o acordo Mercosul-União Europeia, Amaral reconheceu que não deverá haver novos desenvolvimentos no curto prazo até as eleições do parlamento europeu em junho.