(Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse não esperar que a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária enfrente dificuldades no Senado, para onde irá depois de ter sua aprovação concluída na Câmara dos Deputados, o que deve ocorrer nesta sexta-feira.
Haddad afirmou que o relator da matéria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), contemplou em seu texto uma proposta de reforma que tramitava no Senado e fez um "trabalho de mediação muito grande" com os senadores.
"Já recebi telefonemas de senadores elogiando o texto da Câmara, dizendo que uma boa parte do pleito dos senadores o relator da Câmara já atendeu e que portanto eles também estão otimistas em relação à tramitação no Senado, que deve acontecer agora no segundo semestre", disse Haddad a jornalistas ao chegar ao Ministério da Fazenda, em Brasília.
"Pelos telefonemas e mensagens que eu recebi, eles (senadores) estão se sentindo muito contemplados pelo trabalho que o Aguinaldo fez, até porque o Aguinaldo já considerou a PEC 110 que estava no Senado, ele já fez um trabalho de mediação muito grande... Eu acredito que não vamos ter grande dificuldade no Senado", avaliou o ministro.
A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta sexta-feira o texto-base da reforma tributária em segundo turno e iniciou a votação de destaques que podem mudar o teor da matéria. A análise dos destaques será retomada às 10h desta sexta.
Haddad foi indagado sobre o projeto de lei que retoma o voto de desempate do governo nas decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e sobre o novo marco fiscal, que também tramitam na Câmara e que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de ver aprovado antes do recesso parlamentar, que começa em 17 de julho.
"Vamos ver se votamos o Carf para liberar a pauta e votar o marco fiscal e aí vamos partir para a segunda fase das nossas reformas", disse Haddad.
A proposta de mudança no Carf, última instância para recursos administrativos contra punições impostas pela Receita Federal, tramita em regime de urgência e, por isso, tranca a pauta da Câmara.
Em relação ao marco fiscal, o ministro disse que "ele já está praticamente aprovado".
A matéria precisará novamente ser analisada pela Câmara depois que o texto aprovado pelos deputados sofreu alterações dos senadores.
Os mercados financeiros reagiram na quinta diante da possibilidade de que o marco fiscal pode não ser aprovado antes do recesso parlamentar, levando o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores no Brasil, a uma queda de 1,78%, ao passo que o dólar valorizou-se 1,62%, a 4,9303 reais.
Além disso, as taxas dos contratos futuros de juros também subiram, com investidores reduzindo as apostas na curva a termo de corte maior da taxa básica de juros, a Selic, já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, marcada para o início de agosto.
(Por Eduardo Simões)