Por Julie Zhu e Donny Kwok
HONG KONG (Reuters) - Milhares de professores se juntaram neste sábado a protestos contra o governo de Hong Kong que entraram em seu 11º fim de semana consecutivo, com lojas fechando portas e se preparando para outra irrequieta noite de verão.
Semanas de manifestações cada vez mais violentas mergulharam a cidade em turbulência. Barricadas cheias de água protegem o aeroporto e escritórios governamentais. Cartazes mostrando conflitos sangrentos foram colocados nas esquinas e há um protesto quase todas as noites.
A agitação começou em junho, em oposição à agora suspensa lei de extradição, e, desde então, foi estendida a exigências mais amplas.
Após uma escalada na violência nos últimos dias, protestos no sábado e no domingo serão um teste à capacidade do movimento de manter o amplo apoio com o qual parecia contar.
A manifestação em geral pacífica deste sábado sugere que pode, embora milhares tenham comparecido a um contra-protesto a favor da polícia, e o cenário só tende a ficar mais claro a partir de domingo, para quando está marcada uma manifestação que pode reunir dezenas de milhares.
Manifestantes afirmam que estão lutando contra a erosão do acordo “um país, dois sistemas” que concedeu alguma autonomia a Hong Kong desde que a China tomou o território de volta das mãos dos britânicos em 1997.
Durante as últimas semanas, eles pouco a pouco foram direcionando a frustração à polícia, que respondeu com feroz determinação para retirá-los das ruas.
Manifestantes anti-governo também marcharam por Kowloon, principal área construída no lado continental do porto de Hong Kong, e grandes multidões pró-polícia reuniram-se em um parque perto ao porto no outro lado da baía.
Organizadores disseram que 476 mil pessoas foram ao protesto pró-polícia, com a própria polícia dizendo que o total foi 108 mil. A Reuters não conseguiu verificar nenhuma das estimativas.
No sábado, manifestantes que haviam cercado a estação de polícia rapidamente desapareceram, quando oficiais avançaram com escudos e cassetetes.
Alguns disseram que estavam guardando energia para domingo, quando a pró-democracia Fronte Civil de Direitos Humanos, que organizou marchas pacíficas em junho, deve fazer outro protesto.
Os confrontos cada vez mais violentos colocaram uma das capitais financeiras da Ásia em sua pior crise em décadas. A agitação também representa um dos maiores desafios do presidente chinês Xi Jinping desde que ele assumiu o poder em 2012.
(Reportagem de Marius Zaharia, Felix Tam, Anne Marie Roantree, Julie Zhu, Donny Kwok e James Redmayne)