Por Anita Komuves e Jan Strupczewski
BUDAPESTE/BRUXELAS (Reuters) - A Hungria sinalizou nesta segunda-feira sua disposição para um compromisso que permita que um pacote de ajuda proposto pela União Europeia para a Ucrânia seja financiado pelo Orçamento do bloco antes de uma cúpula de emergência na quinta-feira.
O primeiro-ministro Viktor Orbán tem sido um crítico veemente do apoio financeiro e militar da UE a Kiev e manteve laços estreitos com o Kremlin desde a invasão da vizinha Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.
Anteriormente, ele bloqueou uma revisão do Orçamento da UE que incluía a ajuda à Ucrânia, levando seus líderes a elaborar um plano B e chamar uma cúpula de emergência.
No entanto, em uma grande mudança, o diretor político de Orbán disse nesta segunda-feira que a Hungria está aberta a usar o Orçamento da UE para um pacote de ajuda proposto de 50 bilhões de euros para a Ucrânia.
O assessor, Balázs Orbán, confirmou no X que o governo húngaro havia enviado uma proposta a Bruxelas no sábado mostrando que estava aberto a usar o Orçamento da UE para o pacote de ajuda e emitir dívida comum da UE para financiá-lo se outras "ressalvas" fossem acrescentadas.
O Financial Times citou um documento da UE no domingo dizendo que o bloco sabotaria a economia da Hungria se Budapeste bloqueasse a ajuda em uma cúpula nesta semana.
"O documento, redigido por burocratas de Bruxelas, apenas confirma o que o governo húngaro vem dizendo há muito tempo: o acesso aos fundos da UE é usado para chantagem política por Bruxelas", disse Janos Boka, ministro húngaro de assuntos da UE, no X.
Um autoridade de alto escalão da União Europeia negou nesta segunda-feira que os Estados-membros estivessem discutindo coerção financeira para forçar a Hungria a concordar com o financiamento para a Ucrânia.
O documento citado pelo Financial Times era uma nota de fundo que "não delineia nenhum plano específico", disse a autoridade em um comunicado.
Caso a Hungria não concordasse com o pacote de ajuda original, os líderes da UE propuseram uma solução alternativa que envolvia um acordo entre 26 membros e a Ucrânia, o que também negaria a Budapeste o acesso a fundos vinculados da UE, como no caso da migração.
A UE suspendeu uma grande parte dos fundos para a Hungria devido a preocupações de que o governo húngaro tivesse prejudicado os controles e equilíbrios democráticos no país. A UE desbloqueou alguns desses fundos no final do ano passado, dizendo que Budapeste havia implementado uma reforma em seu Judiciário, mas cerca de 20 bilhões de euros ainda permanecem congelados.
Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, chegou ao oeste da Ucrânia para se encontrar com seu colega ucraniano e preparar uma possível reunião entre Orbán e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.