Por Jan Strupczewski e Marcela Ayres
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A proposta do Brasil de tributar os super-ricos do mundo para reduzir a desigualdade foi bem recebida em uma reunião dos ministros das Finanças do G20 nesta semana, mas será muito difícil de ser implementada, disseram autoridades europeias e norte-americanas nesta quinta-feira.
Na presidência este ano do Grupo das 20 principais economias do mundo, o Brasil estimulou a discussão de uma proposta para cobrar um imposto de 2% sobre fortunas acima de 1 bilhão de dólares, levantando uma receita estimada de até 250 bilhões de dólares anualmente de 3.000 indivíduos.
Espera-se que as conversas desta semana dos ministros do G20 no Rio de Janeiro produzam uma declaração conjunta nesta quinta-feira em apoio à tributação progressiva, que, no entanto, não endossará a proposta de um "imposto global sobre bilionários".
O comissário de Economia da União Europeia, Paolo Gentiloni, advertiu que, embora a ideia de tributação progressiva seja uma "boa contribuição" do Brasil, levar adiante tal proposta seria uma tarefa muito difícil.
"Todos nós sabemos que estamos iniciando um processo que é muito, muito desafiador", disse Gentiloni. "O primeiro passo será trabalhar na troca de informações entre os diferentes países".
"É um desafio, mas minha impressão é que, no geral, foi bem recebido", disse ele. "Será algo a ser discutido nos próximos meses e anos."
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, também elogiou o espírito das discussões, mas mostrou-se cautelosa com relação a uma nova política tributária global.
"Os Estados Unidos apóiam fortemente a tributação progressiva e garantir que as pessoas muito ricas e de alta renda paguem sua parte justa", disse ela a repórteres na reunião financeira do G20 no Rio.
Ela observou que o presidente dos EUA, Joe Biden, havia proposto várias políticas para esse fim, incluindo um "imposto sobre bilionários".
"Acreditamos... que faz sentido para a maioria dos países adotar essa abordagem de tributação progressiva. E estamos felizes em trabalhar com o Brasil nesse sentido e propagar essas ideias no G20", disse ela.
"Mas a política tributária é muito difícil de ser coordenada globalmente e não vemos a necessidade ou não achamos que seja desejável tentar negociar um acordo global sobre isso. Acreditamos que todos os países devem se certificar de que seus sistemas tributários sejam justos e progressivos", afirmou.