Por Natalie Grover e Alex Lawler
LONDRES (Reuters) - A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) reduziu sua previsão de crescimento da demanda de petróleo em 2024, sugerindo que condições econômicas globais mais severas e o progresso na eficiência energética pesarão sobre o consumo.
Em seu relatório mensal divulgado nesta quinta-feira, a IEA projetou que a demanda por petróleo aumentará em 880.000 barris por dia (bpd) em 2024, abaixo de sua previsão anterior de 1 milhão de bpd, com base em preocupações econômicas mais amplas e uma adoção mais rápida de veículos elétricos, entre outras medidas de eficiência energética.
No entanto, a agência sediada em Paris, que assessora os Estados Unidos e outros países industrializados, aumentou sua previsão de demanda para 2023 para 2,3 milhões de bpd, em comparação com uma estimativa anterior de 2,2 milhões.
A Opep e seus aliados, conhecidos como Opep+, começaram a limitar o fornecimento de petróleo em 2022 para sustentar os preços.
Em setembro, o petróleo Brent atingiu máximas de 10 meses depois que a Arábia Saudita e a Rússia estenderam seus cortes combinados de 1,3 milhão de bpd até o final do ano.
"Se os cortes extras forem cancelados em janeiro, o saldo poderá mudar para um excedente, o que ajudaria de alguma forma a repor os estoques esgotados", disse a agência.
Embora a Rússia tenha se comprometido a cortar as exportações de petróleo bruto até o final de 2023, de acordo com as estimativas da IEA, as exportações totais de petróleo bruto e produtos de Moscou em setembro aumentaram em 460.000 bpd para 7,6 milhões de bpd, sendo que o petróleo bruto foi responsável por 250.000 bpd do aumento.
O salto nas exportações destaca a dificuldade que o Ocidente tem enfrentado na tentativa de reduzir as exportações russas e a receita para Moscou em meio à guerra com a Ucrânia.
No ano passado, a IEA previu que as duras sanções ocidentais levariam a um colapso das exportações russas de energia.
VENTOS ECONÔMICOS CONTRÁRIOS, RISCO GEOPOLÍTICO
Os preços do petróleo caíram acentuadamente na semana passada, uma vez que as perspectivas econômicas cada vez mais sombrias intensificaram os temores de um crescimento mais lento da demanda, ofuscando as preocupações com a oferta. No entanto, os preços subiram no início desta semana após o ataque do grupo islâmico palestino Hamas a Israel, o que provocou temores de que um conflito mais amplo poderia exacerbar o déficit de oferta existente.
Até o momento, porém, não houve impacto direto sobre os suprimentos, disse a IEA, acrescentando que estava pronta para agir, se necessário, para garantir suprimentos adequados.
Enquanto isso, à medida que 2024 se aproxima, um ambiente de altas taxas de juros nas principais economias ocidentais e o consequente fortalecimento do dólar norte-americano estão diminuindo a demanda em mercados emergentes de baixa renda, como Nigéria, Paquistão e Egito, disse a IEA.
Ainda assim, até o momento, os principais consumidores de petróleo, especialmente a China, a Índia e o Brasil, continuam a observar um crescimento sólido da demanda, afirmou.
(Reportagem de Natalie Grover e Alex Lawler em Londres)