Por Jonnelle Marte e Howard Schneider
(Reuters) - A pandemia de coronavírus teve um impacto mais devastador sobre os norte-americanos com níveis mais baixos de escolaridade e aqueles menos preparados financeiramente para lidar com um golpe como esse, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Federal Reserve.
O abismo financeiro entre adultos com diploma de bacharel e aqueles com menos do que um diploma de ensino médio aumentou durante a pandemia, o que causou perdas de empregos que afetaram desproporcionalmente trabalhadores de baixa renda, de acordo com a Pesquisa de Economia Doméstica e Tomada de Decisão do banco central dos EUA, divulgada anualmente.
"Mesmo com a melhora da economia, podemos certamente ver que alguns ainda estão lutando, especialmente aqueles que perderam seus empregos e aqueles com menos escolaridade, muitos dos quais ficaram para trás", disse a diretora do Fed Michelle Bowman em um comunicado.
Cerca de 89% dos adultos com pelo menos um diploma de bacharel disseram que estavam indo pelo menos "bem" financeiramente, em comparação com 45% daqueles que não têm diploma de ensino médio, de acordo com a pesquisa realizada em novembro de 2020. Essa lacuna aumentou para 44 pontos percentuais em 2020, de 34 pontos percentuais em 2019.
A divisão também se estendeu por linhas raciais, embora em menor grau. Menos de dois terços dos adultos negros e hispânicos disseram que estavam pelo menos "bem" financeiramente em 2020, em comparação com 80% dos adultos brancos e 84% dos adultos asiáticos. A diferença entre adultos brancos e adultos negros e hispânicos cresceu 4 pontos percentuais desde 2017.
A parcela geral de adultos que disseram estar em pior situação financeira em comparação com o ano anterior aumentou para quase 25% no fim de 2020, de 14% em 2019.
Mas, apesar desse aumento, a maioria dos norte-americanos acreditava que ainda estavam, pelo menos, "bem" financeiramente. Cerca de 75% dos adultos disseram que estavam vivendo confortavelmente ou indo "bem" financeiramente em novembro, parcela que oscilou ao longo do ano, mas terminou no mesmo nível de 2019.
A pesquisa constatou que alguns pais ficaram impossibilitados de trabalhar durante a pandemia devido a interrupções do atendimento de creches e do ensino presencial. Cerca de 9% dos pais disseram que não estavam trabalhando e 13% estavam trabalhando menos por causa dessas interrupções em novembro. Isso representou um declínio de cerca de 2 pontos percentuais na proporção de adultos que trabalhavam em geral.