(Texto atualizado com novo título)
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em baixa no Brasil, na contramão da nova alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após dados do mercado de trabalho norte-americano reduzirem ainda mais as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar juros já em março.
Assim como nas duas sessões anteriores, as taxas dos títulos norte-americanos subiram nesta quinta-feira, desta vez na esteira da divulgação de número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos.
De acordo com o Departamento do Trabalho, os pedidos caíram 16 mil, para 187 mil, na semana encerrada em 13 de janeiro, em dados ajustados sazonalmente. Este é o nível mais baixo desde setembro de 2022.
“Esta semana os mercados estão reduzindo as apostas de corte nas taxas de juros norte-americanas”, pontuou Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank. “Hoje (quinta-feira) tivemos a confirmação de que o mercado de trabalho nos EUA continua apertado, que a atividade permanece muito resiliente”, acrescentou.
Neste cenário, os rendimentos do Treasury de dez anos -- referência global de investimentos -- voltaram a subir, o que também dava certa sustentação às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil, que chegaram a oscilar em leve alta em alguns momentos.
No entanto, na maior parte da sessão o viés para as taxas futuras era levemente negativo no Brasil, na contramão do exterior.
Para alguns profissionais do mercado, a queda das taxas futuras no Brasil nas últimas sessões, a despeito do avanço dos yields, está ligada à expectativa de que surjam novas notícias positivas no âmbito fiscal, que ainda não estejam na conta.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode se reunir nesta quinta-feira com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para tratar da medida provisória de reoneração da folha de pagamentos.
“A agenda de hoje, embora careça de grandes indicadores econômicos, também conta com a provável reunião entre o ministro Haddad e o presidente da Câmara, Arthur Lira, para tratar da desoneração da folha de pagamentos. Embora deva ser resolvida só em fevereiro, quando se encerra o recesso parlamentar, a pauta tem sido acompanhada de perto por operadores por sua importância ímpar para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero”, alertou pela manhã a equipe da Commcor DTVM, em boletim enviado a clientes.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,09%, ante 10,122% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,76%, ante 9,79% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,925%, ante 9,965%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,185%, ante 10,22%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,62%, ante 10,638%.
Perto do fechamento a curva a termo precificava 100% de chances de o corte da taxa básica Selic no fim de janeiro ser de 0,50 ponto percentual. Atualmente a Selic está em 11,75% ao ano.
Às 16:44 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 3,60 pontos-base, a 4,1401%.