O TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) aceitou na 2ª feira (2.out.2023) o pedido de inclusão da Maxmilhas e da Lance Hotéis, ambas do grupo 123Milhas, no processo de recuperação judicial.
Na petição (eis a íntegra – PDF – 411 kB), a agência de viagens informou ter uma dívida de R$ 226 milhões. A quantia se soma aos R$ 2,3 bilhões de dívidas do grupo 123Milhas, totalizando cerca de R$ 2,5 bilhões.
O processo de recuperação judicial foi suspenso em 20 de setembro depois de o Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) alegar que os documentos apresentados pela 123Milhas no pedido de recuperação deferido em agosto não observam “as prescrições legais aplicáveis, que asseguram aos credores, stakeholders, Ministério Público e demais interessados na recuperação judicial o conhecimento necessário e suficiente das informações gerenciais, econômicas e financeiras da empresa”.
Na petição, a Maxmilhas afirmou que a “crise de credibilidade” da 123 Milhas impactou as operações da empresa. A agência de viagens teve queda de faturamento de “70% na venda de passagens aéreas e 90% na venda de hospedagens” em 30 dias.
As empresas do grupo 123Milhas afirmam ter sido citadas em 385 ações de cobrança e outros 959 processos. Também informaram que já foram bloqueados R$ 34.428,36 de suas contas em razão de 8 processos.
“O perigo da demora é verificado nos desdobramentos dos bloqueios efetivados nas centenas de ações em curso, o que pode agravar a crise econômico-financeira da empresa, obstar o cumprimento de suas obrigações, colocando em risco a continuação de suas atividades”, escreveu na decisão a juíza Cláudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte.
POLÊMICA DA 123MILHAS
Em 18 de agosto, a 123Milhas anunciou a suspensão temporária da emissão de passagens de uma linha promocional com embarque previsto de setembro a dezembro de 2023.
“Devido à persistência de circunstâncias de mercado adversas, alheias à nossa vontade, a linha PROMO foi suspensa temporariamente e não emitiremos as passagens com embarque previsto de setembro a dezembro de 2023”, escreveu a empresa de viagens em comunicado.
Em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Pirâmides Financeiras em 6 de setembro, o sócio da empresa Ramiro Júlio Soares Madureira culpou o comportamento do mercado pelo cancelamento da emissão de passagens.
“Acreditamos que o custo do ‘Promo’ [modalidade que sofreu cortes] diminuiria com o tempo […] Uma tendência que projetamos à época e que se revelou precisamente o oposto. Ao contrário do que prevíamos, o mercado tem se comportado permanentemente como se estivesse em alta temporada”, disse aos deputados.