BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira que irá trabalhar por solução "viável" para a concessão de auxílio emergencial para os vulneráveis dentro do teto de gastos e voltou a defender a vacinação como instrumento de enfrentamento da crise provocada pela pandemia de coronavírus.
Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), assumiram o comando das duas Casas do Congresso na última semana com a promessa de uma atuação coordenada com o Executivo e bastante ênfase na necessidade de uma renda emergencial aos mais atingidos pelos efeitos da pandemia de Covid-19, mesmo diante das dificuldades fiscais que se desenham para este ano.
"Vamos com o Senado e o Executivo discutir e construir uma política de auxílio viável para quem mais precisa. Devemos incluir também crédito para apoiar quem gera emprego. Sempre respeitando o teto", publicou o deputado em seu perfil do Twitter.
"Mas está cada vez mais claro que a porta de saída da pandemia é acelerar a vacinação", completou, na publicação.
Ainda que conte com a simpatia do governo --o Palácio do Planalto trabalhou por sua eleição à presidência da Câmara-- Lira tem ressaltado a necessidade da vacinação, discurso que destoa da posição adotada pelo próprio presidente, Jair Bolsonaro, há algumas semanas. O presidente em diversas ocasiões desdenhou da eficácia da imunização e chegou a afirmar que não iria se vacinar.
Mais cedo, em vídeo de conversa com seus apoiadores na saída do Palácio da Alvorada publicado nas suas redes sociais, Bolsonaro abordou o tema do auxílio emergencial e afirmou que deve debatê-lo com Lira nesta segunda ou na terça-feira. O presidente não deixou de ressaltar, no entanto, o contexto de dificuldades econômicas enfrentadas pelo país.
"A economia está cambaleando. Está saindo do sufoco pela política do fique em casa... muita gente perdeu emprego, perdeu o ganha-pão. O auxílio emergencial tem limite... já se fala em novas parcelas do auxílio", disse o presidente.
Bolsonaro citou a inflação dos produtos da cesta básica e a perda do poder de compra dos mais pobres, acrescentando que é necessário "buscar uma solução para isso". Destacou, no entanto, que essa equação "não passa apenas pelo presidente".
"Hoje conversei com o novo presidente da Câmara, devemos nos encontrar nas próximas horas, no máximo amanhã. Quer resolver também. Mas são soluções que não são fáceis", afirmou.
Pacheco e Lira já tiveram uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na última semana, para discutir o assunto. Na ocasião, segundo relato do presidente do Senado, o ministro teria se mostrado receptivo ao desejo do Congresso de aprovar medida nesse sentido e aventou-se a possibilidade de retomada do auxílio emergencial, mas abarcando menos pessoas do que o executado em 2020.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Lisandra Paraguassu; Edição de Eduardo Simões)