Por Isabel Versiani e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira as deduções com gastos em saúde no Imposto de Renda, numa possível indicação de que seu governo poderá propor mudanças no benefício, que favorece a classe média, em uma reforma tributária.
Em fala durante cerimônia de encerramento dos trabalhos da equipe de transição, Lula afirmou que enquanto os mais pobres têm dificuldade de acesso a tratamentos mais especializados, ele próprio realiza anualmente uma série de exames e pode fazer o abatimento das despesas no Imposto de Renda, o que classificou como uma "contradição".
"Portanto quem está pagando o tratamento que nós temos é o pobre que não tem direito nesse país, é o pobre que não tem especialista, é o pobre que não tem plano de saúde. É por isso que nós precisamos pensar em uma reforma tributária para ver se a gente consegue corrigir um pouco as injustiças centenárias que tem nosso país", afirmou Lula.
A possibilidade de dedução das despesas médicas no IR é alvo de críticas de especialistas, que argumentam que o benefício custa caro para o governo e não favorece os mais pobres, mas o corte da possibilidade de abatimento é visto como medida altamente impopular entre a classe média.
Às vésperas do segundo turno das eleições deste ano, o governo Jair Bolsonaro negou que proporia mudanças nas deduções com saúde e educação, atribuindo a divulgação de notícias nesse sentido a "petistas" dentro do governo visando minar as chances de reeleição do presidente.