(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que a economia brasileira deve crescer 2% ou até mais em 2023 e que deseja provar que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estava errado sobre sua perspectiva para o crescimento do país.
Em entrevista a emissoras de rádios do Estado de Goiás, Lula ainda afirmou que o governo federal anunciará um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2 de julho.
"Nós vamos crescer mais que 0,9%. Nós vamos crescer acima de 2%, 2,5% e se acontecer o que eu estou pensando, a gente pode até crescer um pouco mais", disse o presidente, referindo-se à estimativa de crescimento da economia brasileira anunciada recentemente pelo FMI.
Lula disse que na viagem que fez recentemente a Hiroshima, no Japão, para a reunião do G7, encontrou-se com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e afirmou ter dito a ela que quer encontrá-la novamente no final deste ano para provar que a previsão do organismo multilateral de crédito sobre a economia brasileira estava errada.
"Eu disse para ela que eu queria encontrar com ela no final do ano, porque eu vou no final do ano na Índia em uma reunião do G20, e eu quero no final do ano provar para ela que ela estava errada com relação ao PIB brasileiro", afirmou.
Em abril, o FMI reduziu a perspectiva de crescimento econômico do Brasil para este ano, passando a ver uma expansão de 0,9% em seu relatório Perspectiva Econômica Global, bem abaixo do cenário visto para a América Latina e Caribe.
De acordo com o boletim Focus, do Banco Central, a estimativa do mercado financeiro é de um crescimento do PIB de 1,84% neste ano.
O governo tem recebido boas notícias na área econômica, com a redução da inflação medida pelo IPCA em 12 meses para um patamar abaixo de 4%, o resultado do PIB no primeiro trimestre do ano superando as expectativas, o real se valorizando contra o dólar e o Ibovespa, principal índice do mercado de ações do país, registrando valorização recente.
Além disso, na quarta-feira, a agência de classificação de risco S&P elevou a perspectiva para a nota de crédito do Brasil de "estável" para "positiva", afirmando que a mudança reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade das políticas fiscal e monetária, o que pode beneficiar o quadro de crescimento econômico do país.
Diante deste cenário, Lula aproveitou a entrevista para mais uma vez criticar o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e disse que os juros também foram alvo de reclamação de um grupo de empresários do setor de varejo com quem se reuniu na quarta-feira em Brasília. Para Lula, "não tem explicação" para uma Selic em 13,75% ao ano.
"Nós não temos inflação de demanda. O povo não está comprando. Nós temos 72% da população brasileira endividada", afirmou às emissoras goianas.
O Copom volta a se reunir nos dias 20 e 21 de junho e a expectativa do mercado é que o colegiado mantenha a Selic inalterada, assim como na reunião marcada para o início de agosto.
(Por Eduardo Simões)