(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que a última proposta da União Europeia para um acordo comercial com o Mercosul tornou impossível se chegar a um consenso, pois incluiu uma "ameaça" ao Brasil.
O líder brasileiro estava se referindo ao adendo da UE ao acordo, que inclui compromissos de sustentabilidade e mudança climática e introduz penalidades para as nações que não cumprirem as metas climáticas delineadas no Acordo de Paris de 2015.
"Os acordos comerciais têm que ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo comercial com a União Europeia, mas a carta adicional com ameaça a um parceiro estratégico não é possível", disse Lula em discurso durante um evento em Paris.
Mais tarde, Lula discutiu o acordo comercial entre UE e Mercosul em um almoço de trabalho com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, informou o governo brasileiro em nota.
Antes de viajar à Europa, Lula também havia dito que queria tratar com Macron sobre uma resolução aprovada recentemente pelo Parlamento francês contrária ao acordo de livre comércio entre UE e Mercosul.
De acordo com a nota do governo do Brasil, Lula e Macron também trataram da guerra na Ucrânia e da parceria estratégica entre Brasil e França, em particular a parceria entre os dois países no programa ProSub para a produção de submarinos militares com tecnologia francesa no Brasil.
No discurso pela manhã durante a Cúpula para um Novo Pacto de Financiamento Global, Lula também disse que a Organização das Nações Unidas (ONU) precisa recuperar sua força política e criticou o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) por, segundo ele, "deixarem muito a desejar" em relação às expectativas das pessoas.
"Me desculpem Banco Mundial e FMI, mas nós precisamos rever o funcionamento. É preciso ter mais dinheiro, é preciso ter novas direções, mais gente participando da direção, porque não pode ser apenas os mesmos de 1945, 1946, 1947 e 1948", disse o presidente em seu discurso.
"A ONU precisa voltar a ter representatividade, a ter força política", acrescentou.
(Reportagem de Sérgio Gonçalves e Patrícia Rua; Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)