BRASÍLIA (Reuters) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que pode viajar para os Estados Unidos antes da posse em 1º de janeiro para se encontrar com o presidente norte-americano, Joe Biden.
"Temos muita coisa para conversar porque os EUA padecem de uma necessidade democrática tanto quanto o Brasil. O estrago que o Trump fez na democracia americana é o mesmo estrago que o Bolsonaro fez no Brasil", disse Lula em entrevista coletiva, mencionando o presidente Jair Bolsonaro e o ex-líder dos EUA Donald Trump.
"Vamos conversar de política, relação Brasil-EUA, papel do Brasil na nova geopolítica mundial, da guerra na Ucrânia, que não há necessidade de ter guerra, além dos assuntos que ele quiser conversar comigo", acrescentou.
Lula terá encontro na segunda-feira com dois enviados de Biden, o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, e o assessor para América Latina, Juan Gonzalez, que estarão em Brasília. Segundo o presidente eleito, o encontro servirá para discutir a data da viagem aos EUA.
Lula disse que não pode viajar antes da diplomação como presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que acontecerá em 12 de dezembro.
Logo depois de eleito, Lula anunciou que pretendia fazer várias viagens ainda antes da posse, incluindo Estados Unidos, Argentina, China e algum país europeu.
O tempo exíguo, no entanto, e a necessidade de investir pessoalmente na negociação da PEC da Transição, além da participação na COP27, cúpula do clima da ONU no Egito, dificultaram a agenda.
Biden foi um dos primeiros chefes de Estado a cumprimentar Lula pela vitória, ainda na noite do domingo da eleição, em uma posição articulada pelos norte-americanos --e outros países-- de reconhecer imediatamente o resultado eleitoral e ajudar a evitar maiores questionamentos. O presidente norte-americano conversou por telefone no dia seguinte à posse.
Na posse de Lula, o governo norte-americano deverá ser representado pelo secretário de Estado, Antony Blinken, de acordo com uma fonte ouvida pela Reuters.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Pedro Fonseca e Flávia Marreiro)