Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou novamente nesta quinta-feira a taxa básica de juros do país e reclamou que ninguém aborda a questão da dívida social, mas desconfia quando se fala em investimentos nessa área.
"A única coisa que não é tida como gasto por essa gente de mercado é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso é investimento”, reclamou durante uma reunião com reitores de universidade e institutos federais.
“Qual é a explicação de a gente ter um juro de 13,5%? O BC é independente, a gente poderia até não ter juro, não é verdade? A inflação está em 6,5%, 7,5%. Por que os juros estão em 13,5%?”, questionou --a taxa Selic, na verdade, se encontra atualmente em 13,75% ao ano.
Lula reclamou ainda de uma desconfiança do mercado financeiro quando o governo diz que fará investimentos, em especial nas áreas sociais, e que é papel do governo atender os mais pobres.
“Eu não vejo essa gente falar uma vez de dívida social. Nós temos uma dívida social de 500 anos”, disse. “O Estado precisa estender a mão para esse povo. É preciso que a gente não aceite a negação do Estado, porque o Estado é importante, o Estado pode ser o regulador da justiça social nesse país.”
Na quarta-feira, em entrevista à GloboNews, o presidente já havia reclamado que a taxa de juros do país está alta, e questionou a necessidade de um Banco Central independente, ao afirmar que o BC não faz mais agora do que quando o presidente da instituição era trocado sempre que um novo governo assumia.
A independência do BC, com o presidente da instituição com um mandato de quatro anos diferente do período do presidente da República, foi aprovado durante o governo de Jair Bolsonaro.
Durante a campanha, Lula afirmou mais de uma vez que não mexeria com o sistema, ao menos no início de seu mandato.