PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, sancionou neste sábado um projeto de lei profundamente impopular para aumentar a idade da aposentadoria no país, enfurecendo os sindicatos que prometeram que manterão os protestos que já duram meses contra a medida.
A promulgação da lei no diário oficial do país veio horas depois que o Conselho Constitucional da França aprovou o aumento da idade da aposentadoria em uma decisão na sexta-feira.
A legislação, que aumentará progressivamente a idade de receber uma pensão do Estado de 62 anos para 64 anos, deverá entrar em vigor a partir de 1º de setembro.
A rápida promulgação da lei enfureceu os sindicatos que haviam incitado o governo a esperar para desanuviar as tensões.
"Esta é uma decisão totalmente vergonhosa", disse Sophie Binet, chefe do sindicato CGT, à rádio Franceinfo. "Ele (Macron) bateu a porta em nossa cara mais uma vez."
Os sindicatos chamaram os trabalhadores para comparecerem às marchas no Dia do Trabalhador em 1º de maio. Binet disse que outras ações aconteceriam nos dias 20 e 28 de abril, enquanto os sindicatos de trabalhadores ferroviários pediram um dia de "raiva" no dia 20 de abril.
O ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, minimizou o momento da promulgação, dizendo à rádio France Culture que o governo queria conversar com os sindicatos sobre outras questões sociais.
Após o anúncio da decisão do Conselho Constitucional, multidões marcharam por Paris na sexta-feira à noite, com algumas lixeiras queimando, enquanto na cidade de Rennes, no noroeste do país, a entrada de uma delegacia de polícia foi incendiada.
A hostilidade pública aumentou desde que o governo, que não tem uma maioria no Parlamento, aprovou o projeto de lei em março sem uma votação final.
Macron, cujo convite aos sindicatos para uma reunião na terça-feira foi rejeitado, fará um discurso televisionado na segunda-feira à noite, informou a mídia francesa. O gabinete do presidente não confirmou imediatamente o discurso.
"Nunca desista, esse é o meu lema", disse o presidente na sexta-feira, antes do veredicto do Conselho Constitucional, ao visitar Notre-Dame no aniversário de um incêndio que destruiu a célebre catedral de Paris.
(Reportagem de Gus Trompiz, Benjamin Mallet e Elizabeth Pineau)