Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira compreender a dificuldade externada pelo presidente Jair Bolsonaro em autorizar cortes de programas como o abono salarial e o seguro-defeso para financiar o Renda Brasil, e defendeu que o Executivo organize a casa e busque medidas de consenso.
Maia, no entanto, disse não ver problema na fala de Bolsonaro de mais cedo, na qual o presidente disse ter decidido suspender a proposta apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para a criação do programa de distribuição de renda que o governo prepara para substituir o Bolsa Família.
"O presidente, hoje, diferente do que vocês avaliaram nos jornais, nas mídias sociais, acho que ele fez uma análise correta", disse o deputado a jornalistas.
"Não é simples acabar com esses programas mesmo não."
Maia disse que a fala presidente não tem "nada de mais" e argumentou que os "caminhos" são construídos a partir dessas divergências.
"Eu acho que o que tem problema é ficar discutindo e avançando em ideias que ainda não estão consolidadas e autorizadas pelo presidente da República", apontou.
"O que a gente precisa, e acho que dentro do governo, com mais preocupação e mais responsabilidade nesse tema, é organizar a casa, organizar o que gera consenso dentro do governo", defendeu.
Maia disse ter conversado com Bolsonaro sobre a prorrogação do benefício emergencial, e da dificuldade do governo de manter o valor de 600 reais até o fim do ano. Segundo o deputado, a Câmara vai tratar do tema "com todo o cuidado e preocupação".
Maia relatou ainda que uma coisa é certa, tanto no Parlamento quanto dentro do governo: o teto de gastos será respeitado.
NEGATIVA SOBRE REELEIÇÃO
O presidente da Câmara confirmou ter participado de reunião, na semana passada, com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Negou, no entanto, que tenham tratado da possibilidade de os dois parlamentares poderem concorrer à reeleição para o comando das duas Casas.
"Eu não sou candidato à reeleição", afirmou.