BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou ter comentado que poderia aceitar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, na esteira do estresse com a decisão do DEM de desembarcar da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) ao comando da Casa.
Maia patrocina a postulação de Baleia e viu seu arco de alianças se desestabilizar com a desistência do DEM. A maior parte da bancada tende a apoiar o candidato do governo, Arthur Lira (PP-AL), mas o partido adotou postura neutra, sem integrar nenhum bloco e foi nesse contexto que Maia teria sinalizado com a aceitação do impeachment.
"Nunca disse que ia dar (andamento ao impeachment), vocês (imprensa) que inventaram isso", disse a jornalistas.
"Vocês ficam ouvindo as pessoas e não confirmam comigo, esse é o problema", comentou.
"Eu nunca disse que ia", disse, referindo-se à possibilidade de aceitar um dos pedidos que aguarda análise.
Cerca de 60 pedidos de impedimento do presidente Jair Bolsonaro aguardam análise na Câmara dos Deputados. É o presidente da Casa quem tem a prerrogativa de dar andamento aos processos ou arquivá-los.
Após incisiva participação do governo na articulação e diante da campanha organizada com antecedência de Lira, Maia se deparou com a deterioração do apoio construído em torno de Baleia.
Assediadas, as bancadas do DEM e do PSDB racharam e questionaram o apoio já garantido a Baleia. O PSDB acabou integrando o bloco do emedebista, mas o DEM adotou postura neutra.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)