BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira que pretende realizar uma reunião na próxima semana para aferir o ambiente em torno de projeto sobre a autonomia do Banco Central.
Embora considere que o clima da Casa é favorável à proposta, no momento, Maia quer envolver a área econômica do governo e parlamentares na discussão sobre o tema.
“Eu combinei com a diretoria do Banco Central de a gente organizar na semana que vem uma reunião com alguns líderes, com alguns parlamentares que gostam do tema da área financeira, da área econômica, para a gente fazer um debate junto com o presidente do Banco Central e o relator, deputado Celso Maldaner (MDB-SC), para a gente entender qual o verdadeiro ambiente sobre essa matéria”, disse Maia a jornalistas.
“O meu sentimento é que dá para aprovar, mas eu preciso que os líderes que defendem, os partidos que defendem a autonomia, que eles compreendam qual o projeto e trabalhem as suas bancadas”, afirmou.
O presidente da Câmara aproveitou a entrevista concedida na tarde desta terça-feira para defender que o governo envie sua proposta formal de reforma tributária, e repetiu que a tentativa de criar uma contribuição sobre movimentação financeira não irá prosperar na Casa.
“O que prometi ao governo é que o governo mandando a sua proposta, nós íamos acelerar sua aprovação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), reabrir o prazo de 11 sessões, nós queremos debater com calma, incluindo o governo de forma efetiva.”
INQUÉRITO
Maia disse ainda encarar com tranquilidade o envio de conclusões de um inquérito da Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) que sustentam haver “elementos concretos e relevantes” de que o presidente da Câmara teria cometido os crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro a partir da delação de executivos da Odebrecht.
“A Polícia Federal ficou dois anos e meio e não encontrou nada. Fez um relatório apenas com as palavras do computador do próprio delator. Então estou muito tranquilo, com a certeza de que a PGR (Procuradoria Geral da República) vai avaliar e vai levar esse inquérito ao mesmo lugar que levou o outro Odebrecht, que é o arquivamento”, disse o deputado.
Maia classificou a investigação como legítima e democrática, e negou considerar que a conclusão tenha qualquer relação com a recente votação na Casa de projeto que tratou do abuso de autoridade, ou com a reforma da Previdência, que modifica as regras de aposentadoria também de servidores públicos.
“Eles estão cumprindo o papel deles. Agora a PGR vai cumprir o dela, depois o Supremo. Da mesma forma, quando a gente vota o abuso, quando for votar o extrateto, quando for votar a reforma administrativa, a gente quer a mesma independência e o mesmo respeito que tenho pelos dois delegados que concluíram o meu inquérito.”
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)