Por Marius Zaharia e James Pomfret
(Reuters) - Centenas de milhares de pessoas contrárias ao governo realizaram um ato pacífico em Hong Kong neste domingo, ocupando grandes vias, em certos momentos sob chuva muito forte, na décima primeira semana do que tem sido um período de manifestações muitas vezes violentas no centro financeiro asiático.
A manifestação deste domingo mostrou que o movimento ainda tem apoio amplo apesar dos distúrbios da semana passada, quando ativistas ocuparam o aeroporto da cidade administrado pela China, uma decisão pela qual alguns deles pediram desculpas.
Foi o fim de semana mais calmo desde o início das manifestações contra o que é visto como crescente influência de Pequim na ex-colônia britânica.
"Eles estão dizendo para todos que nós somos desordeiros. A passeata hoje é para mostrar para todos que não somos”, disse Chris, de 23 anos, que trabalha com marketing e vestia preto, com um cachecol cobrindo o seu rosto e um boné.
“Isso não significa que não vamos seguir lutando. Vamos fazer o que for necessário para vencer, mas hoje a gente tem um descanso, e depois reavalia.”
Um manifestante gritou com pessoas que provocavam a polícia. “Hoje a passeata é pacífica! Não caia nessa armadilha! O mundo está nos vendo”, afirmou.
Mais tarde, durante a noite, alguns manifestantes pediam que os outros fossem para a casa e descansassem.
A ira com o já suspenso projeto que permitiria que suspeitos de crimes fossem extraditados para a China continental explodiu em junho, mas a crise tem sido alimentada por preocupações mais amplas em relação às liberdades garantidas sob a fórmula “um país, dois sistemas” adotada depois de Hong Kong ter retornado para o controle da China em 1997. A fórmula inclui um Judiciário independente e o direito de protestar.
Os protestos representam um dos maiores desafios para o presidente da China, Xi Jinping, desde que ele chegou ao poder em 2012.
Um porta-voz do governo disse que os protestos foram em geral pacíficos, mas complicaram muito o trânsito.
“A coisa mais importante agora é retomar a ordem o quanto antes”, afirmou. “Quando tudo estiver calmo, o governo vai ter um diálogo sincero com o público para superar as divisões e voltar com a harmonia social.”
(Reportagem adicional de Tom Westbrook, Lukas Job, Felix Tam, Anne Marie Roantree, Donny Kwok, Twinnie Siu e Clare Jim)