Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira que vai trabalhar junto aos deputados para manter o veto do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste dos servidores públicos, após o Senado votar pela derrubada na véspera, ao destacar que a manutenção é "melhor para o Brasil".
"Entendemos que esse veto é muito importante a sua manutenção para que a gente possa dar uma sinalização clara", disse Maia, em entrevista coletiva após participar de reunião de líderes do governo e de partidos para discutir a estratégia de votação da matéria na sessão do Congresso desta tarde.
"Melhor para o Brasil é a manutenção do veto", acrescentou.
Para Maia, é preciso que os servidores públicos --que não tiveram reduções salariais e preservaram seus empregos apesar da crise econômica devido à pandemia do novo coronavírus-- deem a sua contribuição.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), alertou para o fato de que uma eventual derrubada do veto na Câmara poderia ter impacto, inclusive, na programação do governo de estender o pagamento do auxílio emergencial para informais e desempregados até o fim do ano.
"Vamos buscar cada voto para que possamos vencer. No Senado, foram dois votos apenas que provocaram essa necessidade de votação na Câmara. Nós queremos que na Câmara tenhamos uma votação tranquila", disse.
A suspensão da concessão de aumentos salariais a servidores foi estabelecida como contrapartida ao auxílio federal repassado a Estados e municípios para o enfrentamento da crise do coronavírus. De acordo com cálculos do Ministério da Economia, uma eventual derrubada do veto pode gerar perdas de até 120 bilhões de reais.
Segundo uma fonte, Maia --um dos principais defensores do ajuste das contas públicas-- foi convocado desde cedo para ajudar na articulação da Câmara de manter o veto do presidente ao lado de lideranças do centrão e de outros partidos.
Deputados estão cientes de que categorias do funcionalismo têm boa capacidade de articulação. O trabalho de aliados do governo, segundo a fonte, é para tentar manter o veto já nesta quinta e não adiar a votação.
As lideranças que participaram da entrevista após o encontro com Maia preferiram não tecer críticas à decisão dos senadores da véspera de derrubar o veto, destacando a autonomia da outra Casa Legislativa. O presidente da Câmara disse, ainda, que as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de "atacar" o Senado pela votação não ajudavam.
O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), disse que confia na manutenção do veto e chegou a comentar que, se for derrubado, o recurso "pode fazer falta".