RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, cobrou nesta quarta-feira uma maior participação do governo e do BNDES no conselho de administração da Eletrobras (BVMF:ELET3) e reforçou críticas à privatização da empresa, ressaltando que o apagão elétrico da véspera teria deixado clara a importância da presença do Estado no setor.
Segundo Mercadante, União e banco detêm juntos 43% de participação no capital societário da Eletrobras capitalizada, mas têm apenas um assento no conselho da companhia.
O governo move uma ação para ampliar seu pode de voto na Eletrobras.
"Não vamos abdicar dos direitos políticos nessa gestão, ao contrário de o que aconteceu no passado recente do BNDES. Queremos respeito como qualquer outro investidor ao espaço que temos direito", disse Mercadante em entrevista coletiva para comentar o balanço do banco de desenvolvimento.
Ele destacou, ainda, que o apagão elétrico registrado na terça-feira deixou "bem claro" que o Estado precisa estar presente no setor.
O fornecimento de energia foi afetado por um desequilíbrio no Sistema Interligado Nacional (SIN), ainda inexplicado, que levou à perda de cerca de 25% da carga total e afetou um terço dos consumidores de todos os Estados menos Roraima.
Em entrevista para comentar o episódio, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já havia feito fortes críticas à privatização da Eletrobras.
PAC
Mercadante disse que o BNDES vai reservar 270 bilhões de reais para financiar o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê investimentos de até 1,7 trilhão de reais, disse Mercadante.
Os bancos públicos devem entrar no novo PAC com um total de 440 bilhões de reais, segundo planejamento do governo lançado na última sexta-feira.
O BNDES tem como principal fonte de financiamento o Fundo de Amparo ao Trabalhador e negocia recursos internacionais da ordem de 6,2 bilhões de dólares.
(Por Rodrigo Viga Gaier)