Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, afirmou nesta terça-feira que o país precisa se unir contra "tentativas de desestabilização institucional" e é preciso "respeitar o rito democrático e o projeto escolhido pela maioria dos brasileiros".
As declarações de Braga Netto fizeram parte de seu discurso na cerimônia de posse do novo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
"Hoje, o país precisa estar unido contra qualquer tipo de iniciativa de desestabilização institucional que altere o equilíbrio entre os Poderes e prejudique a prosperidade do Brasil. Enganam-se aqueles que acreditam estarmos sobre um terreno fértil para iniciativas que possam colocar em risco à liberdade conquistada por nossa nação", discursou o ministro.
"É preciso respeitar o rito democrático e o projeto escolhido pela maioria dos brasileiros para conduzir os destinos do país. A sociedade, atenta a essas ações, tem a certeza de que as suas Forças Armadas estão preparadas e prontas a servir aos interesses nacionais", continuou.
Braga Netto, que é general da reserva, assumiu o cargo depois da demissão de Fernando Azevedo, no final de março. Ex-ministro da Casa Civil, Braga Netto se aproximou de Bolsonaro e assumiu a Defesa com um tom político diferente de seu antecessor.
A interlocutores, Azevedo explicou que foi demitido por tentar evitar um uso político das Forças Armadas. O ex-ministro não atendeu o pedido do presidente Jair Bolsonaro para demitir o então comandante do Exército, Edson Pujol que, em mais de uma ocasião, deixou claro que não iria envolver a Força nas polêmicas criadas pelo presidente. Bolsonaro cobrava um apoio do comandante a suas falas e ações.
O próprio Azevedo evitava também se envolver em movimentos que Bolsonaro faz de simpatia a atitudes pouco democráticas.
Envolvido politicamente, e não apenas como general, com o governo, Braga Netto deu outro tom a seu discurso. Seu primeiro ato, ainda antes de tomar posse, foi demitir os três comandantes das Forças Armadas, a pedido de Bolsonaro.
Com o governo enfrentando no Congresso a CPI da Covid, que tentou de todas as formas evitar, a popularidade do presidente em queda e Bolsonaro sendo responsabilizado pelo desastre da resposta brasileira à pandemia, o governo enfrenta um de seus piores momentos desde a eleição.
"Neste período de intensa comoção e incertezas, que colocam à prova a maturidade, a independência e a harmonia das instituições democráticas brasileiras, o Exército, a Marinha e a Força Aérea mantêm o foco em suas missões constitucionais, permanecendo sempre atentas à conjuntura nacional", disse Braga Netto.
Presente no evento, Bolsonaro não discursou.