Por Cassandra Garrison
BUENOS AIRES (Reuters) - À medida que o novo governo da Argentina se prepara para assumir o poder, o papel-chave de ministro da Economia continua envolto em mistério, mas três economistas são candidatos a ocupar o cargo enquanto o país lida com uma inflação alta, uma recessão e o aumento da dívida.
O presidente eleito, Alberto Fernández, anunciará seu gabinete na noite desta sexta-feira, e todos os olhos se voltarão para o novo ministro da Fazenda quando o líder de centro-esquerda tomar posse no dia 10 de dezembro.
É provável que Fernández respalde uma mudança brusca em relação ao enfoque econômico do presidente neoliberal de saída, Mauricio Macri, cuja austeridade apoiada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ajudou a reduzir os déficits fiscais, mas provocou um declínio econômico que golpeou sua popularidade.
Fontes disseram à Reuters que Martín Guzmán, um protegido de Joseph Stiglitz, e o economista heterodoxo Matías Kulfas são dois dos principais candidatos. Na quinta-feira, o jornal local La Nación disse que o pouco conhecido Martín Abeles também está no páreo.
A decisão pode definir a direção econômica da terceira maior economia da América Latina nos próximos quatro anos e impactar produtores agrários e indústrias.
Ao mesmo tempo, pode definir o que acontecerá com as negociações para reestruturar o pagamento da dívida soberana com credores internacionais e com o FMI, de mais de 100 bilhões de dólares, em meio ao aumento dos temores de calote.
Os mercados argentinos e o peso local estão no limite desde que Fernández obteve uma vitória contundente nas eleições primárias de 11 de agosto, um resultado surpreendente que sinalizou o fim da linha para Macri, um defensor do mundo dos negócios e da abertura econômica.
A definição dos postos-chave para a economia e da estrutura que terão os novos ministérios --se haverá um Ministério da Economia poderoso ou vários trabalhando em conjunto-- provocou uma especulação feroz nos últimos dias que mantém os investidores ansiosos.
"O fato de que Fernández tenha demorado tanto nos sugere que não é necessariamente uma prioridade sua ajudar os investidores e guiar a Argentina com um enfoque favorável ao mercado", dijo Nikhil Sanghani, economista da Capital Economics, que tem sede em Londres.
Guzmán, um acadêmico jovem, é considerado um especialista no campo da reestruturação da dívida, mas tem pouca experiência prática.
Kulfas é mais próximo da "escola de pensamento peronista clássica" e poderia elevar os impostos para as exportações e priorizar os credores locais sobre os detentores de bônus internacionais, disseram economistas.
Abeles serviu no Ministério da Economia durante os governos de Cristina Kirchner e de seu falecido marido e antecessor, Néstor Kirchner.