Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, disse nesta sexta-feira que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, "se precipitou" com a divulgação da nota a respeito da interrupção de todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e assegurou que ações para combate a crimes ambientais na região continuam.
Segundo nota oficial do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a partir da zero hora da segunda-feira operações de combate ao desmatamento ilegal e de queimadas na Amazônia e em demais regiões serão paralisadas devido a restrições orçamentárias.
A Secretaria de Orçamento Federal determinou o bloqueio de 20,9 milhões de reais em verbas do Ibama e outros 39,7 milhões de reais em recursos do ICMBio. A restrição também vai paralisar ações de combate às queimadas no Pantanal e demais regiões do país, afirmou o MMA mais cedo.
"O ministro se precipitou. Precipitação do ministro Ricardo Salles. O que está acontecendo: o governo está buscando recursos para poder pagar o auxílio emergencial, é isso que estou chegando à conclusão, então está tirando recursos de todos os ministérios. Cada ministério oferece aquilo que pode oferecer", disse Mourão a jornalistas em Brasília.
"Então, o ministro teve uma precipitação. Não vai ser isso que vai acontecer, não vão ser bloqueado os 60 milhões (de reais) entre Ibama e ICMBio que são exatamente de combate à queimadas e desmatamento", completou.
Mourão disse ainda que a Operação Verde Brasil -- de combate a crimes ambientais na Amazônia Legal -- tem como principal fonte de recurso o Ministério da Defesa. Segundo ele, essa verba é para que os agentes do Ibama e do ICMBio estejam em campo, pagando os brigadistas de combate às queimadas e "isso não vai ser retirado".
"Isso é remanejamento que o governo está buscando fazer, está tirando dinheiro da Defesa, de outros lugares", disse.
"Continua a operação não está parada. O que o ministro viu foi uma planilha de planejamento que é da SOF. No Siafi (sistema de execução orçamentária do governo), que é o sistema onde você realmente bloqueia o recurso está em aberto, não está bloqueado. Então é precipitação", completou.
DEMISSÃO
Mourão afirmou que já avisou para Salles sobre a situação, mas qualquer medida sobre o ministro é de responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro, não dele. Questionado se a forma como ele agiu soaria como um pedido de demissão, o vice disse que não vai levar para esse lado, porque Salles é escolhido pelo presidente.
"O que estou colocando para vocês é que foi divulgada uma nota que repercutiu de forma negativa principalmente em um momento que a gente sabe que tem que estar combatendo essas ilegalidades então estou colocando que não é essa a realidade que vai ocorrer", destacou.
(Reportagem de Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu)