Por Gabriel Crossley e Hyonhee Shin
PEQUIM/SEUL (Reuters) - Itália, Coreia do Sul e Irã relataram aumento acentuado nas infecções por coronavírus nesta segunda-feira, mas a China relaxou algumas restrições a viagens já que taxa de novas infecções lá diminuiu e uma equipe da Organização Mundial de Saúde disse o ponto de virada foi alcançado no epicentro, Wuhan.
O vírus colocou cidades chinesas em isolamento, interrompeu o tráfego aéreo e bloqueou as cadeias de suprimentos globais, de carros e peças a smartphones.
Mas as ações da China, especialmente em Wuhan, provavelmente impediram centenas de milhares de casos, disse o chefe da delegação da OMS na China, Bruce Aylward, pedindo ao resto do mundo que aprenda a lição de agir rápido.
"O mundo está em dívida com vocês", disse Aylward de Pequim ao povo de Wuhan. "As pessoas daquela cidade passaram por um período extraordinário e ainda estão passando."
A onda de casos fora da China continental provocou quedas acentuadas nos mercados globais de ações uma vez que os investidores buscavam ativos seguros.
Mas o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, alertou para não tirar conclusões precipitadas sobre o impacto na economia global ou nas cadeias de suprimentos, dizendo que era muito cedo para saber.
Aylward afirmou que várias fontes de dados sugerem que a taxa de infecção em Wuhan está caindo: "Eles estão em um ponto agora em que o número de pessoas curadas saindo dos hospitais a cada dia é muito maior do que os doentes que entram."
O chefe da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que usar o termo "pandemia" não se encaixa nos fatos. "Temos que nos focar em contenção ao mesmo tempo em que nos preparamos para uma potencial pandemia", disse ele a repórteres em Genebra, acrescentando que o mundo não está testemunhando uma disseminação descontrolada nem mortes em larga escala.
CASOS
Excluindo a província central de Hubei, centro do surto, a China continental informou 11 novos casos, menor quantidade desde que a autoridade nacional de saúde começou a publicar dados diários em 20 de janeiro.
O coronavírus infectou quase 77 mil pessoas e matou mais de 2.500 na China.
No geral, a China informou 409 novos casos, contra 648 um dia antes, levando o número total de infecções a 7.150 em 23 de fevereiro. O número de mortos subiu em 150, para 2.592.
Mas houve algum alívio para a China, já que mais de 20 jurisdições, incluindo Pequim e Xangai, não informaram nenhuma nova infecção, melhor resultado desde que o surto começou.
For a da China continental, o surto se espalhou para cerca de 29 países e territórios, com um total de mortos e cerca de duas dezenas, de acordo com contagem da Reuters.
A Coreia do Sul registrou 231 novos casos, totalizando 833. Muitos estão em sua quarta maior cidade, Daegu, que ficou mais isolada com a Asian Airlines e a Korean Air suspendendo voos para lá até o próximo mês.
Kuwait, Barein, Omã, Afeganistão e Iraque registraram seus primeiros casos de coronavírus, todas pessoas que estiveram no Irã, onde houve 12 mortes e 61 infectados. A maior parte das infecções foram na cidade sagrada xiita muçulmana de Qom.
O maior surto na Europa é na Itália, com cerca de 150 infecções, contra apenas três antes de sexta-feira, e uma sexta morte.