Por Emma Farge e Philip Blenkinsop
GENEBRA/BRUXELAS (Reuters) - O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, sai de seu cargo nesta segunda-feira, deixando o já danificado órgão de vigilância global sem liderança à medida que enfrenta a maior crise em seus 25 anos de história.
À medida que a influência da OMC se esvai, as crescentes tensões internacionais e a volta do protecionismo durante uma desaceleração induzida pela Covid-19 -- mais obviamente entre a China e o governo do presidente norte-americano, Donald Trump -- tornam a reforma das regras de comércio global cada vez mais urgente.
"Este é de fato um novo -- embora infelizmente não surpreendente -- ponto baixo para a OMC", disse Rohinton Medhora, presidente do Centro para Inovação em Governança Internacional. "A organização está sem direção há algum tempo, vários anos na verdade, e agora estará funcionalmente sem liderança."
Em particular, o tribunal de apelações da OMC, que administra conflitos comerciais internacionais, foi paralisado após um bloqueio de Washington à nomeação de novos juízes.
Azevêdo está se preparando para um novo emprego na PepsiCo, e oito candidatos disputam seu lugar.
Em 1999, um vácuo de liderança de quatro meses na OMC foi amplamente visto como prejudicial, e diretrizes para evitar uma repetição dessa situação previam que os 164 membros escolhessem um substituto temporário entre quatro atuais vices. Mas a insistência de Washington em seu candidato impediu um acordo, deixando um vácuo que durará meses.