Por Katya Golubkova e Rania El Gamal e Ahmad Ghaddar
BAKU/DUBAI/LONDRES (Reuters) - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Rússia e outros países produtores de petróleo se reuniram neste domingo em uma tentativa de fechar um acordo sobre o maior corte de petróleo de todos os tempos, representando 10% da oferta global, depois que esforços iniciais para apoiar os preços do petróleo em meio à pandemia do coronavírus foram bloqueados pelo México.
O grupo, conhecido como Opep+, iniciou uma videoconferência às 13h (horário de Brasília).
Na quinta-feira, a Opep+ esboçou planos para reduzir a produção em mais de um quinto, ou em 10 milhões de barris por dia (bpd), mas o México recusou os cortes de produção que foi solicitado a fazer, adiando a assinatura de um acordo final.
"A reunião ministerial entre membros e não-membros da Opep é uma continuação da reunião de 9 de abril", disse o ministro de Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, neste domingo.
Medidas para conter a disseminação do coronavírus destruíram a demanda por combustível e reduziram os preços do petróleo, pressionando os orçamentos dos produtores de petróleo e prejudicando a indústria de xisto dos Estados Unidos, que é mais vulnerável a preços baixos devido aos seus custos mais altos.
A Opep+ também disse que queria que produtores de fora do grupo, como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Noruega, cortassem mais 5% da produção ou 5 milhões de bpd.
O ministro de Minas e Energia do Brasil (SA:ENBR3), Bento Albuquerque, disse na sexta-feira que, por questões legais, o governo brasileiro não tem influência sobre o mercado de petróleo, sendo apenas responsável pelas políticas públicas do setor. Também afirmou que a Petrobras (SA:PETR4), que é controlada pela União, já reduziu sua produção em 200 mil bpd, o que representa 20% do total das exportações de petróleo do Brasil.
Canadá e Noruega sinalizaram disposição para cortar e os Estados Unidos, onde a legislação também dificulta a atuação em conjunto com cartéis como a Opep, disseram que sua produção cairia acentuadamente este ano devido aos baixos preços.
O presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, afirmou na sexta-feira que o presidente dos EUA, Donald Trump, se ofereceu para fazer cortes extras nos EUA em seu nome, uma oferta incomum de um Trump que há muito se opõe à Opep.
Trump, que havia ameaçado a Arábia Saudita com tarifas sobre o petróleo se o país não resolvesse o problema de excesso de oferta do mercado, disse que Washington ajudaria o México pegando "parte da folga" e sendo reembolsado mais tarde.
Ele não disse como isso funcionaria e a líder da Opep, a Arábia Saudita, até agora se recusou a aceitar o acerto, segundo fontes da Opep.