Por Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - A presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse nesta quarta-feira que ainda há a perspectiva de um acordo sobre mais auxílio em resposta à Covid-19, apesar da resistência dos republicanos do Senado, e acrescentou estar otimista de que um consenso será alcançado, embora não esteja claro se o projeto poderá ser aprovado antes da eleição.
Pelosi, que atualmente ocupa o mais alto cargo entre os democratas eleitos, disse que retomaria as negociações com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, às 15h30 (horário de Brasília).
À MSNBC, ela afirmou querer que o projeto fosse aprovado antes das eleições de 3 de novembro, mas sugeriu que o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, pode estar disposto a implementá-lo depois. Caso isso ocorresse, informou Pelosi, iria incluir no projeto ajuda retroativa.
"Estou otimista", disse Pelosi. "Queremos isso antes, mas, novamente, quero que as pessoas saibam, a ajuda está a caminho."
O presidente Donald Trump, que está atrás nas pesquisas nacionais de intenção de votos a apenas dias da data das eleições, tem cada vez mais pedido por medidas, mas uma proposta de alívio abrangente tem encontrado resistência entre os republicanos do Senado.
Pelosi e Mnuchin estão acertando detalhes de um pacote de alívio que pode ficar na casa dos 2,2 trilhões de dólares, montante pelo qual os democratas têm pressionado por meses.
Os conservadores no Senado, de maioria republicana, se opõem ao custo de mais de 1 trilhão de dólares em discussão. McConnell não quer apresentar ao Senado um grande projeto de alívio ao coronavírus antes das eleições, disse um assessor republicano, enquanto tenta confirmar a nomeação da indicada de Trump para a Suprema Corte, Amy Coney Barrett.
Depois de aprovar rapidamente mais de 3 trilhões de dólares em alívio meses atrás, com o objetivo de enfrentar o grave dano humano e econômico causado pela pandemia de Covid-19, o Congresso não passou nenhuma nova medida desde abril para responder a uma doença que matou mais de 221 mil norte-americanos.
A Casa Branca insiste que um acordo bipartidário entre Pelosi e Mnuchin receberia o número de votos necessário para a aprovação no Senado, onde os republicanos detêm uma maioria de 53 a 47.
"Acredito que haveria votos suficientes lá para garantir que isso cruze a linha de chegada e chegue à mesa do presidente. Mais uma vez, o foco nos republicanos do Senado agora, se os votos estariam lá ou não, está errado", disse a jornalistas o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows.
Mas não havia sinais de que esses parlamentares concordariam com algo próximo da marca de 2 trilhões de dólares.
Os republicanos do Senado, expressando preocupação com o impacto que uma grande medida de gastos teria sobre um já crescente déficit federal, propuseram uma ajuda menor e direcionada para ajudar uma economia que ainda se recupera da pandemia, que infectou 8,3 milhões de norte-americanos.
Com pesquisas de opinião mostrando eleitores culpando Trump por sua forma de lidar com a pandemia, os republicanos também correm o risco de perder a maioria no Senado. Isso fez com que alguns membros se voltassem para as tradicionais preocupações republicanas sobre a disciplina fiscal.
Está programada para esta quarta uma votação no Senado de um plano republicano de ajuda de 500 bilhões de dólares que os democratas já rejeitaram --a expectativa é que de novo o texto seja barrado.
McConnell também está se empenhando para que a indicada à Suprema Corte, Barrett, seja confirmada pelo Senado na próxima semana, uma ação que os republicanos acreditam que ajudaria os membros da campanha de Trump. O Washington Post noticiou que McConnell disse aos republicanos que um acordo sobre um pacote agora poderia ameaçar esse plano.
Enquanto isso, a renovação dos pagamentos diretos às famílias e a expansão do seguro-desemprego estavam entre as disposições sendo discutidas entre Pelosi e Mnuchin.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, Susan Heavey e Susan Cornwell)