(Corrige no terceiro parágrafo que sobrevoo foi feito na terça-feira, não no domingo)
Por Jorge Silva e Leonardo Benassatto
TEFÉ, Amazonas (Reuters) - A pior seca já registrada reduziu o nível de água dos rios da bacia amazônica a uma baixa histórica, em alguns casos secando leitos de rios que antes eram vias navegáveis.
O Solimões, um dos principais afluentes do poderoso rio Amazonas, cujas águas se originam nos Andes peruanos, caiu ao seu nível mais baixo já registrado em Tabatinga, cidade brasileira na fronteira com a Colômbia.
Rio abaixo, em Tefé, um braço do Solimões secou completamente, como viram repórteres da Reuters que sobrevoaram o rio na terça-feira.
O Lago Tefé, nas proximidades, onde mais de 200 botos de água doce morreram na seca do ano passado, também secou, privando os mamíferos cor-de-rosa, ameaçados de extinção, de seu habitat favorito.
"Estamos passando por um ano crítico", disse o porta-voz do Greenpeace Rômulo Batista, apontando para o local onde o leito do Rio Solimões se transformou em bancos de areia. "Este ano, vários meses bateram os recordes do ano passado."
O segundo ano consecutivo de seca crítica ressecou grande parte da vegetação do Brasil e causou incêndios florestais em países sul-americanos, encobrindo cidades em nuvens de fumaça.
"As mudanças climáticas não são mais uma coisa para se preocupar no futuro, daqui a 10 a 20 anos, elas chegaram, e chegaram com uma força muito mais intensa do que a gente estava esperando", acrescentou Batista.
O Solimões em Tabatinga foi medido em 4,25 metros abaixo da média para a primeira quinzena de setembro.
Em Tefé, o rio estava 2,92 metros abaixo do nível médio nas mesmas duas semanas do ano passado e a previsão é de que caia ainda mais, atingindo o nível mais baixo de todos os tempos.
Em Manaus, a maior cidade da Amazônia, onde o Solimões se junta ao Rio Negro para formar o Rio Amazonas, o nível do Rio Negro está se aproximando do recorde de baixa atingido em outubro de 2023.
"Me recordo que no ano passado nós estávamos passando por essa situação, mas em outubro", disse Tomé Cruz, líder indígena Kambeba. "Neste ano, já evoluiu bastante essa estiagem."