Por Howard Schneider
JACKSON HOLE, Wyoming (Reuters) - O comércio dos Estados Unidos se afastou da China com as políticas praticadas pelos governos de Joe Biden e Donald Trump, mas a dependência norte-americana em cadeias de abastecimento associadas à China não foi necessariamente reduzida, e os consumidores sofrem com preços mais altos, segundo uma nova pesquisa apresentada neste sábado em um simpósio econômico do Federal Reserve, banco central norte-americano.
Apesar de temores sobre a desglobalização após a pandemia de Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia, o comércio no geral “se manteve em pouco menos de 60% do produto interno bruto mundial, em vez de entrar em queda livre”, concluíram Laura Alfaro, economista da Faculdade de Negócios de Harvard, e Davin Chor, professor-adjunto da Faculdade de Negócios Tuck de Dartmouth, em artigo apresentado na reunião anual de bancos centrais e economistas em Jackson Hole, Wyoming.
As tarifas dos EUA sobre bens chineses, políticas industriais recentemente promulgadas e a pandemia, no entanto, parecem ter realmente desencadeado uma “grande realocação na atividade da cadeia de abastecimento: o fornecimento direto da China aos EUA diminuiu”, de 21,6% de importações norte-americanas até 2016 para 16,5% ano passado, escreveram Alfaro e Chor.
É menos incerto o que isso significa, e os autores apontam que o afastamento da China está aumentando os preços aos consumidores, sem oferecer claros benefícios m compensação como, por exemplo, eficiência maior de produção nos EUA.
Não é nem certo que o declínio da quota de importações norte-americanas da China represente uma verdadeira desvinculação, disseram.
Vietnã e México, por exemplo, parecem ter captado parte da realocação comercial, disseram os autores, com base em uma análise de bens importados e padrões de exportação, enquanto um aumento em compras dos EUA de bens menos processados do exterior era um “indicativo de certa realocação das etapas de produção”.
(Reportagem de Howard Schneider)