Por Jorgelina do Rosario e Jorge Otaola
BUENOS AIRES (Reuters) - O ex-presidente do banco central da Argentina Luis Caputo, favorito para ser o novo ministro da Economia do país, reuniu-se nesta sexta-feira com executivos de bancos locais e internacionais para apresentar os planos econômicos do presidente eleito, Javier Milei, segundo três fontes e uma associação bancária.
A reunião no centro de conferências La Rural, em Buenos Aires, foi realizada no momento em que Milei, que prometeu uma "terapia de choque" para a economia em dificuldades, trabalha para montar sua equipe econômica.
Caputo tem sido apontado como o favorito para o cargo.
No entanto, na reunião, Caputo se recusou a confirmar que será o novo ministro da Economia, disseram duas das fontes.
Até o momento, os sinais de que o presidente eleito libertário está se inclinando para uma equipe econômica e políticas mais ortodoxas impulsionaram os mercados nesta semana, com os títulos subindo quase 14% e as ações registrando alta de mais de 40% desde que ele venceu o segundo turno das eleições no último domingo.
Caputo enfatizou a ideia de um ajuste econômico abrupto, necessário para conter a inflação próxima a 150%, evitar uma recessão iminente, desfazer uma série de controles de capital e reconstruir as reservas líquidas, que estão negativas em torno de 10 bilhões de dólares.
"Nosso 'approach' é um 'shock' fiscal e monetário desde o primeiro dia, o roteiro é ortodoxo e sem loucuras", disse Caputo aos representantes dos bancos, de acordo com uma fonte bancária sênior que participou da reunião.
Caputo, ex-ministro das Finanças e ex-presidente do BC durante o governo conservador do então presidente Mauricio Macri, é visto como uma escolha mais ortodoxa para a nova administração do libertário Milei, que assumirá o cargo em 10 de dezembro.
A associação bancária local Adeba confirmou a reunião.
"Foi uma reunião em que trocamos opiniões sobre os desafios da economia e como enfrentá-los", disse Javier Bolzico, presidente da associação, à Reuters.
"A reunião foi muito positiva, Caputo enfatizou o equilíbrio fiscal como base do modelo e uma abordagem abrangente e baseada no mercado para os passivos remunerados do banco central. A visão de Caputo nos deu paz de espírito e confiança."
A equipe de Milei não respondeu a um pedido de comentário.
O partido conservador PRO, de Macri, apoiou Milei no segundo turno e seus aliados estão pressionando por cargos no novo governo.
Caputo não forneceu detalhes sobre como o governo de Milei planeja lidar com os gastos públicos ou o que pretende fazer com a enorme quantidade de títulos de curto prazo do banco central, chamados de "Leliq", que Milei tem como alvo porque expandem a oferta monetária de pesos.
Caputo disse que o governo de Milei suspenderia os controles cambiais rapidamente, de acordo com duas das fontes, mas que isso não aconteceria imediatamente. Ele acrescentou que não estava planejada nenhuma dolarização no curto prazo, pois era necessária a estabilização fiscal e monetária, disse a primeira fonte.
"Primeiro é necessário um programa de estabilização", disse Caputo, de acordo com a primeira fonte presente na reunião.
Durante a campanha presidencial, Milei enfatizou seu plano de fechar o banco central e dolarizar a economia, mas admitiu que isso levaria tempo devido à crise econômica.
Mais cedo, nesta sexta-feira, ele disse que o fechamento do banco central era "inegociável".
Caputo também disse aos representantes dos bancos que o combate vigoroso à inflação era uma prioridade máxima, embora não tenha fornecido detalhes sobre como o futuro governo controlaria os preços.
A segunda fonte disse que Caputo havia discutido a necessidade de atacar totalmente a inflação e reduzir a quantidade de "Leliq", embora não tenha dado detalhes sobre como isso seria feito.