BRASÍLIA (Reuters) -A caderneta de poupança registrou saque líquido de 15,356 bilhões de reais em março, mostraram dados do Banco Central nesta segunda-feira, o que representa a maior retirada para meses de março da série histórica iniciada em 1995.
Desse total, os saques superaram os depósitos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no valor de 12,597 bilhões de reais. Já na poupança rural, as saídas foram de 2,759 bilhões de reais.
Em fevereiro, havia sido registrada uma retirada líquida de 5,35 bilhões de reais. No mês anterior, o BC apontou um saque líquido de 19,7 bilhões de reais, maior resgate já observado para todos os meses da série histórica iniciada em 1995.
A apresentação dos números da poupança de março, inicialmente prevista para o dia 6 de abril, foi adiada para esta segunda por conta da greve dos servidores do Banco Central, que impactou a divulgação de dados e indicadores do órgão. A greve foi suspensa na última semana.
Em relação aos dados parciais de abril, os dados do BC mostram que houve saque líquido de 5,918 bilhões de reais no mês até o dia 14.
O fluxo de recursos na poupança apresentou uma reversão de sentido em 2021, passando a acumular retiradas significativas.
Antes, em 2020, havia sido registrada uma captação recorde de mais de 166 bilhões de reais, impulsionada pelo pagamento do auxílio emergencial e pelo baixo nível da taxa básica de juros, o que aumentou a competitividade da poupança frente a outros investimentos.
Em 2021, com a retirada do auxílio emergencial e o agressivo aperto monetário implementado pelo Banco Central, houve um saque líquido de 35,5 bilhões de reais.
Agora, a tendência se mantém. Apenas nos três primeiros meses de 2022, houve ma retirada líquida acumulada de 40,372 bilhões de reais.
Com os juros básicos da economia acima de 8,5% ao ano (a Selic está agora em 11,75%), os depósitos na poupança voltaram a ter rendimento fixo de 0,5%, ou 6,17% ao ano, acrescido da taxa referencial (TR), o que deixa a remuneração mais baixa do que outros investimentos de renda fixa.
(Por Bernardo CaramEdição de Luana Maria Benedito)