BRASÍLIA (Reuters) - O governo incluirá mais estatais no grupo das que poderão ser vendidas em nova reunião do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) que será feita ainda neste ano, afirmou o secretário Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar.
Em coletiva de imprensa, ele destacou nesta quinta-feira que não estão no mandato as privatizações de Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Petrobras (SA:PETR4), mas ponderou que, no futuro, há valor potencial a ser atingido com operações envolvendo essas empresas se sociedade, Congresso e presidente da República assim entenderem.
Questionado sobre o possível impacto para os ativos do governo de falência do conglomerado Odebrecht, após a Caixa ter feito pedido nesse sentido, Mattar avaliou que o episódio ilustra por que o Estado não é eficiente gestor de negócios.
"O Estado brasileiro está se metendo a ser empresário, então ele tem bancos, e os bancos emprestaram para Odebrecht 27 bilhões de reais e Odebrecht está com dificuldade de pagar, está em recuperação judicial e não tem como pagar isso", afirmou.
"Aí pergunto novamente para vocês: deve o Estado ter banco para tomar o cano de 27 bilhões?", completou.
Segundo Mattar, o valor das estatais federais no início do ano foi calculado em 490 bilhões de reais, mas está hoje em "700 e poucos bilhões" em função de valorização sofrida por empresas que são listadas na bolsa.
Ele frisou que é necessário que o governo vá adiante com o processo de privatização uma vez que "empresas estatais têm sempre benefícios e nem sempre são competidoras muito leais".
Após o governo ter informado mais cedo que já bateu a meta de 20 bilhões de dólares em privatizações e vendas de ativos em 2019, com 23,5 bilhões de dólares até setembro, Mattar evitou estimar o quanto poderia ser alcançado até o fim do ano, limitando-se a indicar que a cifra será certamente aumentada.
ELETROBRAS
Falando sobre a privatização da Eletrobras (SA:ELET3), o secretário afirmou que há arcabouço legal a ser respeitado, e que a aprovação do projeto de lei para que a empresa volte ao programa de desestatização pode "tomar algum tempo".
"Temos conversado com congressistas de forma a buscar o melhor caminho no caso da Eletrobras. Então preferimos gastar mais tempo em conversa, para depois ter celeridade no processo", disse.
Perguntado sobre o lento andamento da privatização de empresas públicas, com a venda de ativos sendo dominada até o momento por fatias societárias negociadas por estatais, ele reconheceu alguma frustração inicial.
"No primeiro momento, até pela minha ansiedade, está sim mais lento do que eu esperava, mas o Estado brasileiro é tão gigante, é tão lento e burocrático, que nada é fácil de fazer aqui", disse.
(Por Marcela Ayres, com reportagem adicional de Gabriel Ponte)