Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O prejuízo financeiro pela seca nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul na safra 2022/23 foi estimado em 28,38 bilhões de reais, de acordo com levantamento envolvendo 21 cooperativas e divulgado pela FecoAgro/RS nesta quinta-feira.
O Rio Grande do Sul poderia ter sido o segundo Estado no ranking de produção da soja do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso, não fosse a frustração de safra, que também reduziu a produtividade no milho.
A quebra estimada na colheita de soja gaúcha, em relação à previsão inicial, já chega a 43%, disse a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS).
Ou seja, a produção agora está estimada em 12,5 milhões de toneladas, versus 22 milhões de toneladas do se esperava antes das intempéries.
"Uma quebra de 43% é um impacto muito forte", disse o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, cuja estimativa de perda financeira considera o preço da tonelada de soja em 3 mil reais/tonelada.
A federação vê as perdas aumentando, pois até janeiro estimava-se recuo de 16%.
O impacto do problema gaúcho na safra do Brasil só não é maior porque o Rio Grande do Sul é praticamente uma exceção em termos climáticos em 2022/23, com a maior parte do país beneficiada por chuvas e registrando boas produtividades, segundo analistas privados.
Ainda assim, há quem admita que o país possa colher abaixo de 150 milhões de toneladas em 2022/23, o que ainda assim seria um recorde e com crescimento de dois dígitos ante a temporada passada, quando o Rio Grande do Sul e Paraná sofreram perdas climáticas, sob influência da La Niña.
No milho, a quebra em 2022/23 em relação à projeção inicial é de 56%. Embora o índice indique uma proporção maior perdida, o volume é menor, uma vez que a expectativa inicial era de uma safra de pouco mais de 6 milhões de toneladas, conforme dados da Emater-RS.
O Rio Grande do Sul é tradicionalmente o principal produtor de milho primeira safra do Brasil e tem um forte consumo por possuir importante indústria de carne de aves e suínos, que tem no milho a principal matéria-prima para ração.
Com base nesta estimativa inicial da Emater e na perda projetada pela FecoAgro, a safra gaúcha estaria agora estimada em torno de 2,7 milhões de toneladas de milho.
(Por Roberto Samora)