Por Jeffrey Heller
JERUSÁLEM (Reuters) - O presidente de Israel escolheu nesta quarta-feira Yair Lapid, político de centro e rival mais forte do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para tentar formar um governo, mas seu caminho para o sucesso ainda é incerto.
Líder há mais tempo no cargo na História do país, Netanyahu, de 71 anos, vem lutando pela sobrevivência política em meio a quatro eleições inconclusas realizadas desde 2019 e a acusações de corrupção que ele nega.
Ao anunciar a escolha de Lapid em um discurso televisionado, o presidente, Reuven Rivlin, disse que o ex-ministro das Finanças tem o apoio jurado de 56 dos 120 membros do Parlamento, o que ainda o deixa aquém de uma maioria.
"Está claro que o parlamentar Yair Lapid poderia formar um governo que tem a confiança do Knesset, apesar de haver muitas dificuldades", disse Rivlin.
Em um comunicado de aceitação da indicação, Lapid, que comanda o partido Yesh Atid, disse que pretende estabelecer um governo de esquerda, direita e centro "que refletirá o fato de que não odiamos uns aos outros".
Mas ele descartou servir em um governo com Netanyahu, citando o indiciamento criminal contra o premiê.
A eleição mais recente de 23 de março, realizada enquanto Netanyahu é julgado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança, não deu uma maioria ao premiê nem à frágil aliança de rivais de todo o espectro político que almeja retirá-lo do cargo.
Um mandato de 28 dias para montar uma coalizão terminou à meia-noite sem que Netanyahu conseguisse se acertar com parceiros em potencial da direita, o que abriu caminho para Rivlin atribuir a tarefa a outro membro do Parlamento.
Lapid, de 57 anos, também tem 28 dias para formar uma coalizão.
Netanyahu, que perdeu uma eleição antes da virada do século, deve fazer seu próprio discurso ainda nesta quarta-feira.
Um acordo de divisão de poder é tema de muito debate, e Lapid poderia se alternar no cargo com o político ultranacionalista Naftali Bennett, de 49 anos, do partido Yamina.
"Acabei de falar com Yair Lapid e o informei de que o encarreguei de formar um governo, quer seja um governo que ele liderará no começo ou um governo liderado por outro primeiro no qual ele servirá como primeiro-ministro alternado", disse Rivlin em seu pronunciamento.