Por Alistair Smout e Gabriela Baczynska
LONDRES/BRUXELAS (Reuters) - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, falará com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, neste sábado para tentar resolver o impasse nas negociações comerciais entre UE e Reino Unido com o prazo prestes a se esgotar e tentar assim evitar um fim caótico para a saga do Brexit.
O Reino Unido deixou a União Europeia em 31 de janeiro, mas as regras que regem o comércio, as viagens e os negócios permaneceram inalteradas durante o período de transição, que termina em 31 de dezembro, quando um novo relacionamento será estabelecido - com ou sem um acordo.
As negociações entre Johnson e von der Leyen podem fornecer o ímpeto político necessário para aproximar as partes e fazê-las transpor suas diferenças substanciais, ou destacar como as "linhas vermelhas" de ambos os lados vem dificultando o acordo.
Se os dois lados não chegarem a um acordo, o divórcio que já dura cinco anos terminará em confusão, enquanto Reino Unido e a Europa enfrentam dificuldades com crise econômica advinda do surto de Covid-19.
Negociadores britânicos e da UE interromperam as conversas na sexta-feira para pedir a seus líderes que tentem reduzir as diferenças e chegar a um acordo depois que uma semana inteira de negociações não avançou e não diminuiu divergências significativas entre os dois lados.
"Mantemos a calma, como sempre, e se ainda houver um caminho, veremos", disse o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, a emissoras em Londres pouco antes de partir para Bruxelas.
Johnson estava programado para falar com o homólogo britânico de Barnier, David Frost, e outras autoridades na manhã deste sábado, antes da ligação de von der Leyen.
A pausa nas negociações na sexta-feira foi a última reviravolta em meses de negociações que pouco avançaram nas três questões mais espinhosas - pesca, garantia de concorrência justa e formas de resolver futuras disputas.
Nenhum dos lados desistiu das negociações ainda, sugerindo que ainda mantêm alguma esperança de fechar um acordo que rege quase 1 trilhão de dólares em comércio anualmente e assim evitar o fim desordenado de mais de 40 anos de associação britânica ao clube europeu.
Na ausência de um acordo comercial, o Reino Unido negociaria com a UE nos termos da Organização Mundial do Comércio, o que levaria a novas tarifas e a aumentos de preços potencialmente significativos para alguns produtos.
Uma saída sem acordo é o cenário de pesadelo para empresas e investidores, que dizem que isso confundiria as fronteiras, assustaria os mercados financeiros e semearia o caos nas cadeias de abastecimento que se estendem por toda a Europa e fora dali.