Por Marcela Ayres
WASHINGTON (Reuters) -Os ministros da Fazenda e os presidentes dos bancos centrais do G20 estão se ajustando às expectativas de um início mais tardio dos cortes nas taxas de juros dos Estados Unidos, o que causou uma reavaliação dos preços dos ativos em todo o mundo e aumentou a urgência dos debates sobre a dívida, disse nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Falando em uma coletiva de imprensa após a reunião dos líderes financeiros do Grupo dos 20 em Washington, Haddad disse que a mudança nas expectativas após as leituras de inflação de março mais altas do que o esperado nos EUA afetou diversas variáveis econômicas e gerou uma reprecificação global de ativos.
Haddad também observou que a comunicação do banco central dos EUA não tem sido coesa, após expectativas generalizadas de que os cortes nas taxas de juros da maior economia do mundo começariam no primeiro semestre deste ano.
"Quando veio o susto de março, houve uma reversão drástica de expectativas, e isso mudou muito os humores em relação a como vão se comportar as variáveis macroeconômicos mundo afora".
"Que houve uma reversão de expectativas em relação ao Fed, houve, e nós precisamos entender, uma vez que todos são capazes de imaginar a importância do que a autoridade monetária da moeda internacional vai fazer, porque todo o resto depende um pouco disso."
Haddad também observou que muitos países do G20 têm dívidas denominadas em dólares que são afetadas por mudanças nas taxas de juros dos EUA, o que aumenta a urgência das discussões sobre possíveis reestruturações e assistência às nações.
"Isso tudo vai ter que ter uma rapidez, uma agilidade maior e, talvez, novas fontes de financiamento", disse ele. "Se discutiu aqui, inclusive, novos aportes dos países, sobretudo para empréstimos concessionais...sobretudo no momento em que as taxas de juros praticadas tornam o serviço da dívida algo impagável."