Por Gabriel Ponte
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira que as tratativas em torno da tramitação da proposta de reforma tributária encaminhada pelo governo ao Congresso estão interrompidas no momento em razão de um "desentendimento político", mas frisou que o projeto será aprovado.
"Acho que nós vamos fazer um acordo rapidamente, isso pode ser retomado, ou agora ou então depois, mas a verdade é que vamos fazer essa reforma", pontuou Guedes em evento promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Para o ministro, há uma "disfunção no sistema" que explica o impasse em torno da tramitação do projeto, remontando às discussões travadas entre o governo federal e os Estados sobre perda de receitas provenientes da pandemia do coronavírus.
Guedes também pontuou que um "desentendimento político" envolvendo a disputa da presidência da Câmara dos Deputados interrompeu as negociações.
"Colaboramos com a segunda fase, a Vanessa (Canado, assessora especial do Ministério da Economia), que trabalha conosco, estava em conexão direta com o relator Aguinaldo (Ribeiro, PP-PB), fornecendo os nossos 'insights' sobre a segunda fase, que eram os impostos indiretos, IPIs, seletivos, etc", afirmou Guedes.
"E, de repente, com esse impasse político, esse desentendimento político envolvendo a disputa da presidência da Câmara, a conversa está mais ou menos interrompida."
Outro ponto de diferença, de acordo com o ministro, gira em torno da ordem de tramitação de projetos que estão no Congresso. Ele pontuou, por exemplo, que o eixo governista quer a aprovação do projeto que trata da autonomia do Banco Central (BC), na Câmara, bem como da reforma administrativa.
"E o relator e o presidente da Câmara preferem começar a tributária agora, ajuntar a tributária toda."
Durante sua participação no evento, Guedes também afirmou não acreditar que haverá perda de receita com a reforma tributária. De acordo com ele, todos os entes da Federação irão observar seus níveis de arrecadação aumentarem à medida que a economia brasileira recupera-se dos efeitos econômicos da pandemia.