Por Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - Sim, a inflação voltou, e você provavelmente deveria estar aliviado, se não totalmente feliz.
Esse é o veredicto dos principais bancos centrais do mundo, que esperam ter chegado ao ponto ideal, onde economias saudáveis vêem os preços subindo suavemente -- mas sem uma espiral fora de controle.
Apoiados por vastos gastos do governo, os banqueiros centrais liberaram um poder de fogo monetário sem precedentes nos últimos anos para obter esse resultado. Na verdade, menos do que isso poderia sugerir que o maior experimento de bancos centrais da era moderna fracassou.
Apenas o Japão, que vem tentando sem sucesso aquecer os preços desde os anos 1990, permanece na estagnação da inflação.
Para as outras economias avançadas, o aumento nas pressões sobre os preços deixa o objetivo de reduzir a política monetária expansionista à vista e, finalmente, aumenta a perspectiva de que os bancos centrais -- colocados sob os holofotes durante a crise financeira global -- poderão finalmente ficar de lado.
O atual aumento da inflação não é isento de riscos, é claro, mas comparações com a estagflação dos anos 1970 -- um período de alta inflação e desemprego combinados a pouco ou nenhum crescimento -- parecem sem fundamentos.
À primeira vista, as taxas de inflação atuais realmente parecem preocupantes. O crescimento dos preços já é superior a 5% nos Estados Unidos e pode em breve atingir 4% na zona do euro, bem acima das metas e em níveis não vistos há mais de uma década.
Mas a evidência concreta ainda não desafiou a narrativa de muitos formuladores de política monetária de que este é, no geral, um salto temporário causado pela instável reabertura pós-pandemia da economia.
"O atual pico inflacionário pode ser comparado a um espirro: a reação da economia à poeira que está sendo levantada na esteira da pandemia e da recuperação que se seguiu", disse Isabel Schnabel, membro do conselho do Banco Central Europeu.
Portanto, se a inflação após o "espirro" se estabelecer em níveis mais elevados, os bancos centrais devem ficar felizes, já que passaram a maior parte da última década tentando aumentar, não conter, a inflação.
"Se a inflação não subir agora, nunca aumentará", disse uma autoridade de banco central que pediu para não ser identificada. "Estas são as condições perfeitas, é para isso que trabalhamos."