Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O aumento na ocupação e o pagamento do Auxílio Brasil em maior escala ajudaram a impulsionar a renda no Brasil em 2022, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE divulgada nesta quinta-feira, que apontou ainda redução da desigualdade no país.
O rendimento médio mensal real domiciliar per capita chegou a 1.586 reais no ano passado, uma alta de 6,9% em relação a 2021, quando foi de 1.484 reais -- o mais baixo da série histórica iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com esse aumento de 6,9%, a massa de rendimento mensal real domiciliar per capita subiu 7,7% ante 2021, chegando a 339,6 bilhões de reais. De acordo com a pesquisa, a Região Nordeste segue com menor rendimento médio mensal domiciliar per capita(1.011 reais), ao passo que a Região Sul tem o maior (1.927 reais).
No ano passado, 62,6% da população tinha algum tipo de rendimento, contra 59,8% em 2021, atingindo o maior nível da série da pesquisa.
Já o rendimento médio mensal real de todas as fontes cresceu 2,0% em 2022 frente a 2021 e alcançou 2.533 reais, ainda assim o segundo menor valor da série. Também segundo a pesquisa, o rendimento de todos os trabalhos caiu 2,1%, a 2.659 reais, enquanto o rendimento de outras fontes cresceu 12,1%, a 1.657 reais.
De acordo com a Pnad, entre 2021 e 2022 cresceu a 16,9% a proporção de domicílios com algum beneficiário do Auxílio Brasil/Bolsa Família, em comparação com 8,6% antes.
"Muitas pessoas voltaram para o mercado de trabalho, os muito pobres estão recebendo um auxílio que se compara ao auxílio emergencial em valor, e o 1% mais rico teve uma pequena redução no rendimento”, afirmou a analista da pesquisa, Alessandra Brito.
A melhora no mercado de trabalho e a expansão do Auxílio Brasil também contribuíram de alguma fora para reduzir os níveis de desigualdade no país.
O Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita caiu de 0,544 para 0,518, e o Gini do rendimento de todos os trabalhos caiu de 0,499 para 0,486. Ambos foram os menores da série histórica do IBGE. O indicador é uma medida de desigualdade, sendo 0 a igualdade completa.
"O Gini da renda do trabalho ficou no menor nível da série por conta da volta ao mercado de trabalho de um contingente de quase 8 milhões de pessoas, e isso fez a renda do trabalho ser menos desigual", completou Brito. "Sobretudo foi gente com trabalho com carteira, além de conta própria e informal."
De acordo com Pnad, o rendimento médio do 1% da população que ganha mais --rendimento domiciliar per capita mensal de 17.447 reais-- era 32,5 vezes maior que o rendimento médio dos 50% da população que ganham menos (537 reais). Em 2021, essa razão era de 38,4 vezes.